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O real da psicanálise escapa à literalização da ciência

2015
evertonf.cordeiro84@gmail.com


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O real da psicanálise escapa à literalização da ciência

O presente texto pretendeu esboçar aspectos relacionados ao real da psicanálise na esteira de Freud e Lacan e suas divergências na maneira com que a ciência trata o real pela via dos semblantes, ou da literalização pelo simbólico. Porém, em determinados momentos do percurso de Freud, podemos notar o seu esforço em colocar a psicanálise no rol das ciências naturais. Lacan, rompendo com o ranço científico do qual a psicanálise se originou, num esforço de conferir um estatuto científico à psicanálise, nos anos 1950 empresta conceitos da ciência linguística e do estruturalismo, articulando-os à psicanálise, afirmando que o inconsciente é estruturado como linguagem, sendo passível de interpretação pela via dos significantes e de sua articulação nas leis da metáfora e da metonímia. Assim, nesse contexto, o simbólico seria capaz de conferir um saber sobre o real. No seu último ensino, nos anos 1970, Lacan chega a considerar que o real não tem a ver com o sentido dado pela interpretação significante. Nesse contexto, o inconsciente não é estruturado como uma linguagem que implica sentido, nem é o discurso do Outro. O inconsciente é o próprio real concebido no último ensino de Lacan, um real sem matema, baseado na desordem trazida pela pulsão de morte, na fala autoerótica que implica o puro gozo assemântico de lalíngua, o sem sentido por onde o real se apresenta sem lei. É desse real que a psicanálise se ocupa, conservando-o como insensato, em contraponto à ciência que sempre pretende civilizá-lo pela via dos semblantes.

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