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Resiliência e toxicodependência

2007
alcidia.lima@gmail.com
Estudante no Instituto Superior de Psicologia Aplicada (Portugal)

Monografia de Licenciatura - área de Psicologia Clínica

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Resiliência e toxicodependência Nova página 1

A resiliência psicológica é um fenómeno que tem vindo a ser investigado enquanto um recurso psicológico que possibilita ao sujeito enfrentar e adaptar-se positivamente nas situações adversas de intenso sofrimento e stress (Rutter, 2000; Masten, 2001; Bonnano, 2004; Werner, 2005). De acordo com Beauvais e Oetting (1999) ser resiliente perante o uso de drogas significa que um sujeito esteve em risco de se tornar utilizador e escolheu não o ser. A amostra foi constituída por 70 sujeitos com irmãos, em que na fratria coexistem sujeitos com problemas de toxicodependência e sujeitos sem historial anterior de abuso e dependência de substâncias psicoactivas, distribuindo-se em dois grupos de estudo, Grupo1 (n=39) e Grupo 2 (n=31). A amostra global de participantes (N=70) é constituída por sujeitos com idades compreendidas entre os 21 e 54 anos e idade média de 36,0 anos (DP=7,378). No estudo realizado, pretendeu investigar-se a relação entre a resiliência psicológica e a toxicodependência no contexto da fratria, procurando compreender se existiriam diferenças entre ambos os grupos de sujeitos em análise e por outro lado se haveriam relações entre as variáveis sócio-demográficas seleccionadas. O estudo apresentado seguiu um método de investigação exploratório transversal, com uma amostra de conveniência, não probabilística e consistiu em comparar dois grupos de sujeitos, procurando verificar a existência de diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. Para análise das variáveis sócio-demográficas foi utilizado um Questionário Sócio-demográfico. Como instrumento de avaliação quantitativa, foi utilizada a Escala de Resiliência de Wagnild & Young (1993) aferida para a língua portuguesa por Pesce et al. (2005) e validada para a população portuguesa por Vara e Sani (2006). Como principais conclusões deste estudo, na relação entre a resiliência e toxicodependência na fratria, identificam-se os irmãos não toxicodependentes como mais resilientes. No entanto, para estes os resultados na análise da Escala de Resiliência (Wagnild & Young, 1993) apontam para fragilidades ao nível da Autonomia e determinação na concretização de objectivos (Factor II), o que poderá remeter para o reconhecimento de que de facto este é um grupo vulnerável, perante o contexto familiar vivido. Contudo, as variáveis sócio-demográficas analisadas como o estado civil, a coabitação e o nível sócio-económico apontam para uma capacidade de superação e de adaptação, perante as dificuldades vividas face ao contexto familiar, com um impacto importante no seu desenvolvimento (Angel et al., 2002; Fernandes, 2002; Fleming, 1999; Luthar, 1993). Destacam-se também as diferenças de género e a posição na fratria, o que reforça por um lado o determinismo biológico (género) e por outro, a influência dos modelos educativos parentais e dos papéis sociais que condicionam atitudes e comportamentos face a um mesmo factor e situação e risco (Rutter, 1985; Abraão, 1998; Werner, 2005). Esta perspectiva permite levantar possíveis hipóteses de estudo para futuros trabalhos e investigação, quanto à compreensão da influência dos factores de risco de acordo com a diferença de género.

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