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Dilemas? Uma oportunidade para avançar!

2017
joana_s.j_rodrigues@hotmail.com
Psicóloga clínica
Publicado no Psicologia.pt a: 2017-10-22

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Dilemas? Uma oportunidade para avançar!

Por vezes podemos ficar num mal-estar por um período longo. No entanto, muitas vezes esses dilemas podem estar associados à incapacidade ou dificuldade de largar algo a que estávamos habituados e que nos é difícil imaginar sem isso, para podemos abrir um novo capítulo e agarrar algo novo e diferente, mas que nos pode fazer sentido num determinado momento.

Falando de uma forma mais concreta, alguns exemplos:

- “Eu sempre estudei desta forma, mas agora na faculdade isto não está a funcionar... mas se sempre funcionou, vai ter que continuar a funcionar assim... ou será que tenho que aprender uma nova forma de estudar?”

- “Eu sempre idealizei ter este trabalho, mas agora que aqui estou não me sinto satisfeita nem realizada... Será que procuro algum outro trabalho? Ou hei-de insistir neste?”

- “Sempre disse que não acreditava em relações à distância e que nunca me iria colocar numa situação dessas, mas a minha esposa tem um trabalho tão bom cá e eu tive uma proposta óptima num outro país... Talvez pudéssemos tentar experimentar...?”

Muitas vezes estamos nas nossas rotinas diárias, na nossa vida do dia-a-dia e tudo está bem, até que surge algo que nos cria um desequilíbrio e dúvidas – nos exemplos aqui em cima: o estudo não funciona como antes, não me sinto satisfeita no trabalho, tive uma proposta de trabalho. Com certeza que todos nós, perante situações destas já tentámos

fingir (nem que por breves instantes) que a situação nova não estava a acontecer na realidade, porque sim, seria tudo mais fácil que as coisas se mantivessem iguais. Mas a partir desse momento já não há retorno, e uma decisão necessitará de ser tomada. E até mesmo uma não decisão acaba por ser uma decisão... Porque o não avançar com uma resposta, muitas vezes faz com que a situação antiga se mantenha (por exemplo o não aceitar a proposta de trabalho no estrangeiro), e sim, é uma decisão totalmente válida.

Muitas vezes quando a situação que nos cria desequilíbrio, ficamos assustados e agarramo-nos ainda com mais força ao que já conhecemos. E podemos demorar algum tempo aí. Cada pessoa necessitará do seu tempo para elaborar o dilema e colocar a hipótese de contrariar o que pensava que queria, os seus objectivos iniciais, os seus gostos antigos, e colocar verdadeiramente a hipótese de avançar para algo novo e desconhecido. Naturalmente, o desconhecido pode tornar-se assustador para algumas pessoas, no entanto se for essa a decisão que se toma, será com certeza uma oportunidade de se avançar e evoluir, com novas aprendizagens.

 

Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

 

Joana de São João Rodrigues

Joana de São João Rodrigues é Psicóloga, Membro Efetivo da Ordem dos Psicólogos e especialista em Psicologia Clínica e da Saúde. Possui licenciatura e mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. É Pós-Graduada em Educação Social e Intervenção Comunitária e Membro Associado da Associação Portuguesa de Terapias Comportamental e Cognitiva. É Formadora Certificada pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e pelo Conselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua. Desenvolveu actividade clínica de apoio a doentes com doença oncológica e seus familiares no Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil do Centro Regional de Oncologia de Lisboa, no Serviço da Clínica da Dor. Deu apoio psicológico às famílias e crianças com cardiopatias congénitas internadas no Hospital Vall d'Hebron para cirurgia através da Associació d'ajuda als Afectats de Cardiopaties Infantils de Catalunya (Associação de ajuda aos Afectados por Cardiopatias Infantis da Catalunha), em Barcelona. Desenvolveu actividade de apoio às necessidades das mulheres vítimas de violência doméstica/abuso sexual, pela Associação de Mulheres Contra a Violência, em Lisboa. Esteve integrada em diversos projectos de Cooperação Internacional, onde deu formação na área da promoção da saúde em Angola e Guiné-Bissau e foi técnica de cuidados continuados integrados de saúde mental na Associação para o Estudo e Integração Psicossocial, em Lisboa. Desde 2011 exerce clínica privada com jovens, adultos e seniores e desde Março de 2016 que integra a Equipa da ClaraMente - Serviços de Psicologia Clínica e Psicoterapia, com o objectivo de promover a saúde mental e a qualidade de vida, disponibilizando serviços de Psicologia Clínica e Psicoterapia em consultório em Lisboa e Caldas da Rainha. Desde Abril de 2019 que trabalha no Hospital Lusíadas em Lisboa, nas Unidades de Tratamento de Dor e Oncologia.

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