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O corpo é que paga

2016
apsicologasara@gmail.com
Psicóloga. Psicoterapeuta. Membro da coordenação terapêutica do Centro WONDERFEEL - Um Novo Bem-Estar. Membro efectivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses
Publicado no Psicologia.pt a: 2016-02-21

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O corpo é que paga

Normalmente, quando sentimos alguma dor, seja ela qual for, a última coisa em que pensamos é que ela possa ser uma mensagem directa no nosso organismo (tido como um Todo, mente e corpo, corpo e mente, numa permanente interacção que hoje é mais do que sabida e comprovada, de facto, existir). Ou se preferirem, um aviso do nosso corpo alertando-nos que em alguma área da nossa vida algo deveria melhorar.

Da cabeça aos pés, a ligação entre a mente e o corpo tem sido bastante estudada, comprovando-se sistematicamente que cada parte do nosso corpo tem uma linguagem a ser entendida. O nosso campo emocional está na base de mais de 90% das alterações ou acidentes ocorridos no nosso corpo e toda a matéria de que somos feitos (pensamentos e sentimentos, também têm “massa”, sabiam?!) está intimamente ligada à transmissão de sinais bioquímicos e electromagnéticos cuja informação é feita chegar ao cérebro que por sua vez, sob a forma de sinapses e outros circuitos, desencadeia reacções através de hormonas, impulsos nervosos, processos químicos do sistema endócrino e outros sinais para músculos, tecidos e glândulas, que estão contidas em cada gota do nosso sangue que circula em cada parte do nosso corpo. E imagine-se! A 385 km por hora, ou seja, muito mais rápido que um carro de Fórmula 1. (!)

Existem situações na vida com as quais vivemos, ou aprendemos a viver. Porém não deixam de ser situações que nos incomodam, que (no fundo, bem lá no “fundo”) não resolvemos. A convivência com tais situações, mais tarde ou mais cedo, vai alterando o estado emocional e fisiológico de uma pessoa e essas alterações vão, pouco a pouco, reflectindo-se no nosso estado psicológico, apresentando sintomas de variada ordem (stress, cansaço, fadiga, depressão, pânico, entre muitas mais).

Uma das formas de manifestação desses desequilíbrios é a somatização (que quer dizer o processo de “passar” para o corpo os desajustes psicológicos). Sim, “in the flesh”, no corpo físico. Sob a forma de dores e outras desordens orgânicas. Percebemos agora como é que o corpo nos fala? Sim? E, em boa verdade, como é ele que paga…?

É fundamental aprendermos a conhecer melhor o nosso corpo, tendo a capacidade de o sentir (que é como quem diz, de “nos sentirmos”), integralmente, por dentro e por fora… estando atentos às alterações que ele nos apresenta, pois, melhor do que ninguém (sim até mesmo mais do que a nossa “mente”; see what we mean…?), sabe e diz-nos exactamente onde é que estamos a falhar e no que é que deveríamos mudar.

Por isso, chega de arranjar desculpas ou pretextos para ficar à espera daquilo que somente você poderá fazer por si. Desde praticar alguma actividade física, a fazer exercícios, passando por aliviar a mente e tornar os pensamentos mais activos e construtivos, coloque em prática as suas decisões. O mundo espera por si. E está cheio de possibilidades.

Sara Ferreira

Sara Ferreira é psicóloga, psicoterapeuta, com formações especializadas na área da Psicologia Clínica e da Saúde e Psicologia Comunitária, sendo actualmente também autora e co-autora em diversas publicações técnicas e científicas de renome, assim como portais de referência na área da Psicologia, desenvolvimento pessoal, saúde e bem-estar. Membro Efectivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Licenciada em Psicologia Aplicada pelo ISPA – Instituto Superior de Psicologia Aplicada, com experiência curricular e profissional no acompanhamento psicológico de utentes (ambulatório e consultas externas) na Unidade de Psicologia do Hospital de Santa Marta em Lisboa, exercendo actualmente a sua prática clínica maioritariamente em contexto privado. Colaborou como psicóloga na Direcção de Serviços de Psiquiatria e Saúde Mental da Direcção-Geral da Saúde, e em diversos projectos da Comissão Europeia, nomeadamente nas redes EAAD – European Alliance Against Depression e IMHPA – Implementing Mental Health Promotion Action, tendo também colaborado na preparação e edição do Programa Nacional de Luta Contra a Depressão, no contexto de programas prioritários do Plano Nacional de Saúde 2004-2010. Colaborou no Grupo de Coordenação da Saúde, no contexto da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, tendo também desempenhado funções de investigadora em diversos projectos de investigação e grupos de trabalho nacionais e internacionais sobre boas práticas em saúde mental e na área da Psicologia da Saúde, nomeadamente, a European Health Psychology Society.

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