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Labirintos, minotauros e onde estou ´eu´ no meio disso?

2015
apsicologasara@gmail.com
Psicóloga. Psicoterapeuta. Membro da coordenação terapêutica do Centro WONDERFEEL - Um Novo Bem-Estar. Membro efectivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses
Publicado no Psicologia.pt a: 2016-07-18

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Labirintos, minotauros e onde estou ´eu´ no meio disso?

O cérebro humano pode ser considerado como um verdadeiro “labirinto”.

Um labirinto nada mais é do que uma complicada e intrincada construção cheia de corredores estreitos com paredes altas. Há diversos caminhos que podem ser percorridos nesses corredores, os quais muitos não têm saída ou simplesmente fazem andar em círculos.

Esta metáfora do “labirinto” mostra-nos que o Homem que se desconhece a si mesmo, e que não sabe como gerir da melhor forma os seus recursos mentais e emocionais, estará sempre à mercê de do que lhe “acontece”, vivendo essencialmente na defensiva ou apenas em “reacção” ao que ocorre dentro ou fora de si mesmo.

É certo que connosco muitas pessoas encontram respostas e soluções práticas que resolvam questões do foro mental, emocional, comportamental e social, mas o mais importante é que cada um ganhe verdadeira noção da premência da palavra “descoberta” na forma como vive os tempos actuais.

Descoberta é descobrir o caminho no seu próprio “labirinto” para o Centro do seu ser. Numa tarefa mais que recompensadora, porquanto desenvolve o seu auto-conhecimento. E hoje as abordagens ou as respostas a dar perante os problemas não são nem poderão ser as mesmas de outrora, as que despoletaram esses mesmos problemas. É preciso conhecer-se e navegar é preciso! Nos labirintos mais clássicos existe apenas um caminho para se chegar ao centro. Mas na vida real (e felizmente!) sabemos que são vários os caminhos ou as vias que se podem tomar para lá chegar. Conhecem a história do Minotauro? Este é um conto mitológico que nos mostra a forma como o explorador (você) deve avançar pelos caminhos… Com precaução e cautela, de forma a que saiba o caminho de volta, senão poderá ficar eternamente preso nesse imenso quebra-cabeças…

Todos os labirintos têm a sua dificuldade, tal é-lhes inerente. O Minotauro é uma personagem simbólica pois, com aquele “corpo de homem, cabeça de touro e dentes de leão”, esta criatura representa o somatório das mais profundas “paixões” e desejos do Homem, daquele que vive somente para saciar as suas necessidades físicas mais imediatas. Descobre-se (também aqui) nesta mitologia que a chave para o domínio sobre as nossas vidas reside na nossa mente. E atenção, “mente” neste caso possui uma conotação de inteligência geral, que abrange todos os aspectos da ‘psyche’ humana e as suas características, incluindo as emoções e a consciência.

Ter mais controlo sobre a mente é uma das tarefas mais complicadas de realizar, pois para isso é necessário desenvolver o auto-conhecimento. Isto significa que quanto mais nos conhecemos, mais estaremos em condições de adentrar nos nossos processos internos mais profundos. As nossas questões aparentemente sem resposta, as nossas vontades reprimidas, os nossos desejos pessoais… and so on. :) Esclarecer as partes em nós que não vemos ou não queremos ver. Aquelas que negamos ou que tentamos esconder de nós mesmos mas que invariavelmente ali estão… a exercer a sua influência nas nossas vidas do dia-a-dia… Supressão não significa cessação. Pelo contrário, aquilo que se reprime, não morre. Está vivo. E quanto mais tentamos ocultar, mais vem à tona e acaba sempre por se mostrar…

Todas as pessoas querem dominar o seu próprio “minotauro”. E descobrir o caminho dentro do seu labirinto para o Centro do seu ser. E quando o conseguimos fazer connosco naturalmente conseguimos fazer com os outros, ajudando-os a encontrar os seus Centros. Para descobrirem os tesouros que se encontram nesse Núcleo. E usá-los! A seu favor… no dia-a-dia. Incorporá-los na sua realidade quotidiana, extraindo daqui aquilo de que precisam para avançar nas suas próprias caminhadas de auto-desenvolvimento e conhecimento, oferecendo em troca os tesouros valiosos que têm para retribuir.

Todos nós somos poeira estelar. É certo e sabido: viemos directamente das estrelas aquando das origens da Terra, através dos materiais, compostos, químicos e minerais que as supernovas derramaram por aqui…:) E cada pessoa é uma nota musical feita para ser tocada em harmonia com a infinita sinfonia do universo. Notas são vibrações de som. Descubra qual é a sua nota e comece a tocar beleza, individualidade, brilho em todas as direcções. Estaremos cá para ver :)

 

Sara Ferreira

Sara Ferreira é psicóloga, psicoterapeuta, com formações especializadas na área da Psicologia Clínica e da Saúde e Psicologia Comunitária, sendo actualmente também autora e co-autora em diversas publicações técnicas e científicas de renome, assim como portais de referência na área da Psicologia, desenvolvimento pessoal, saúde e bem-estar. Membro Efectivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Licenciada em Psicologia Aplicada pelo ISPA – Instituto Superior de Psicologia Aplicada, com experiência curricular e profissional no acompanhamento psicológico de utentes (ambulatório e consultas externas) na Unidade de Psicologia do Hospital de Santa Marta em Lisboa, exercendo actualmente a sua prática clínica maioritariamente em contexto privado. Colaborou como psicóloga na Direcção de Serviços de Psiquiatria e Saúde Mental da Direcção-Geral da Saúde, e em diversos projectos da Comissão Europeia, nomeadamente nas redes EAAD – European Alliance Against Depression e IMHPA – Implementing Mental Health Promotion Action, tendo também colaborado na preparação e edição do Programa Nacional de Luta Contra a Depressão, no contexto de programas prioritários do Plano Nacional de Saúde 2004-2010. Colaborou no Grupo de Coordenação da Saúde, no contexto da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, tendo também desempenhado funções de investigadora em diversos projectos de investigação e grupos de trabalho nacionais e internacionais sobre boas práticas em saúde mental e na área da Psicologia da Saúde, nomeadamente, a European Health Psychology Society.

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