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A disfórica euforia do nomeado e o potencial eutímico do eleito

2017
pvpassos@gmail.com
Psicólogo Clínico (ACES do Cávado I – Centro de Saúde de Braga, Portugal)

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A disfórica euforia do nomeado e o potencial eutímico do eleito

Perante a profissão de psicólogo/a está amplamente vivido e demonstrado que, se se colocar, objectivamente, a questão: O que é um/a psicólogo/a?…As respostas de domínio são de dois níveis (pelo menos) opostos e inconfundíveis. Respostas oriundas da civilização são centradas no registo: “É uma pessoa que tem a competência e o licenciamento para a aplicabilidade da Psicologia como profissão”. Contudo, respostas oriundas do Portugal (e similares arredores), nas suas múltiplas variantes, são empacotadas devida, indubitável e unanimemente em: “É uma pessoa que estudou para ser amiga”.

Perante tão (domesticamente) comprovado postulado, vale dizer que essas pessoas estudaram nas Faculdades de Artes e Ciências da Amizade – F.A.C.A (lê-se “faca”. Isso…Isso mesmo, como as de cortar os pulsos…!). Contudo, ressalve-se em merecimento e justiça…há inúmeros motivos práticos para que esta institucionalidade, por cá, seja debitada, divulgada e exigida. Tem algum fundamento…!

Ora, em projecção, identificação e generalização, outros crânios (de)formados (sócio-familiar e academicamente); outras sapiências incontornáveis dos conhecimentos gerais e todos os das especificidades, diga-se!, estão aptos às candidaturas dos cargos para nomeados, tal como os provenientes das F.A.C.A(s) estão aptos para o exercício da Psicologia. É uma questão, pragmaticamente, popular…!

As raríssimas excepções ditam e confirmam a regra.

Entenda-se que, em subjacência, os candidatos a eleitos e os candidatos e nomeados diferem em colosso, estruturalmente no concernente à evolução, organização e funcionalidade da personalidade.

A maturação e a operatividade dos candidatos a nomeados estão aquém do protagonizado nas competências que tais funções dos cargos exigem.

A maturação e a operatividade dos candidatos a eleitos podem estar consonantes ou dissonantes com os desígnios que as funções dos cargos exigem.

Em tese os candidatos a nomeações são viventes da incompletude dos desígnios da estruturação da personalidade (na conceptualização de Jean Bergeret –  Psychologie Pathologique), colmatando a evolução desta numa organização sem telhado (para usar o chapéu). Ou seja, a permeabilidade funcional é maior e sujeita às variantes de intentos proprioceptivos e subjectivos, assim como das convenientes estimulações circundantes. Com esta decoração plasmada, o sujeito está apto à concordância dos seus pontos de vista e opiniões, em detrimento dos valores que são gregários e complacentes ao desenvolvimento comunitário. São estes, os sujeitos, que se embargam nas próprias opiniões, transformando o seu sentir e opinar, em factos irredutíveis a qualquer argumentação ou lógica, a não serem as provenientes de chefias superiores, de quem dependem e obedecem piamente e sem piedade. Suportam-se nas próprias crenças e não nas necessidades institucionais ao serviço colectivo. Movimentam-se no cenário das oscilações (tocando a discriminação, com frequência) entre o que acham (como se devessem ou pudessem “achar”, ou fazer prevalecer os seus “achados”) e o que lhes é idealmente esperado, enquanto subalternos. São os genuínos cumpridores da mansidão.

Ora, tanta mansidão, fica ávida de compensação. Daqui advém o caseirismo, a arbitrariedade, o mediocrismo e a função doméstica da opinião circunstanciada. Nesta sequência, a dissonância entre as atitudes e os débitos (comportamentos), impera-se de tal forma, que a frustração dispara aleatoriamente, em débito das oscilações do próprio humor, no cenário institucional, como se estivessem nas suas casas de banho (depois aparece a aflição ao que se segue o MEDO, mas só depois…!). Vivem na inerência da fase da organização da personalidade. Desconhecem a adultícia e a maturidade que a completa estruturação da personalidade exige (ainda na conceptualização de Bergeret).

São os produtores e os realizadores dos enredos ligados aos afectos ambivalentes, às tristezas, às insalubres satisfações, às incómodas euforias, às iras disfarçadas que moem as entranhas e ambientes. São os triviais utilizadores das vidas incompletas, disfóricas, ou melhor, disforicamente eufóricas. Esgotam-se em mendicidades, apregoam competências e colhem-se em motivos depressores adornados com pálidas eutimias e com dolorosas euforias.

Curricularmente, são os malabaristas e ilusionistas das palavras. Transformam (e assumem), com a maior destreza e arrojo, a sua história vivida por uma história contada; uma história real por uma história inventada.

No balizamento do humor, os candidatos e efectivos nomeados, são os eternos procuradores, (in)conscientes, das vivências disfóricas das auto-avaliações, no concernente à miragem da própria rede atitudinal, contrariamente ao que lhes surge, em defesa, no comportamento. Aqui, debitam a glória do próprio troféu das competências. Manifestam-se, quase, como um eleito, não fosse o disparatado exagero do sentimento e comportamento de euforia. Registe-se que a disforia e a euforia são dois pólos da mesma realidade – doença do afecto. Há a tristeza e há a alegria, que não são sinónimos de disforia e euforia.

A travestida eutimia que, alguns poderão exibir, nada é mais do que a obediência à expressão – “sejamos espontâneos como treinámos”. É a incompletude da persona. É a representação de um papel, conjugado com o material psicológico existente, levando ao extremo da importância o respectivo estatuto. São os nomeados. Jamais os eleitos. Em sobrevivência, transformam a responsabilidade da nomeação, numa realidade de elite, por defeito de construção psicológica. Como a sua essência não tem suporte, um qualquer dourado existencial passa a ser mostrado como a sua pura essência, desconhecendo que mais não é do que um barato plástico revestidor de um carácter incompleto (ou doente). Não cumprem a vivência da parelha estatuto/papel de inerência à maturidade. Não existem no terreno da consonância entre a referência e a pertença. Referenciam-se num registo onde não pertencem. Desta dissonância, invariavelmente, emanam conflitos.

Engajando, ainda em tese, no cenário sexual/genital, foca-se a anorgasmia do nomeado. Há uma vivência constante e colossal, no apelo ao protagonismo, cuja subjacência se encontra na sujeição e na mendicidade. Não há sujeição, nem mendicidade nas sexualidades de plenitude. Assim sendo, é de crer que, no povo disponível a candidato a nomeado (ou nomeado), não poderão ir além da sublimação, onde os pálidos orgasmos só poderão ser entendíveis à luz da masturbação que fazem através dos delirantes constructos em que se fomentam. Não sabem ver. Não sabem que não se orgasmam. Acreditam que o seu modelo orgástico é olímpico. É tão frágil, insonoro e mascarado, que não dão por ele.

 

Como se libertam se desconhecem a liberdade e temem a entrega e a igualdade?

Masturbam-se nos cargos…!

E, quando estes não existem, inventam qualificações, que são os masturbadores.

 

Continuando nesta tese, os candidatos a eleitos (personalidades de elite psicológica), geralmente movimentam-se nas proximidades da eutimia, enquanto padrão de equilíbrio e ajuste no vasto leque de tendências dos estados de ânimo. Certo é que, e considerando o postulado que assume que “o poder é, naturalmente, corrupto”, o mais prudente será um estado de alerta sobre os compromissos e materializadores desses compromissos. Até porque existem muitos candidatos a nomeações e nomeados que se fazem passar por candidatos a eleitos…!

Deverá e espera-se, que o eleito cumpra as fases evolutivas da personalidade, desde a indiferenciação somato-psicológica (passando pela pré-organização e organização da personalidade em desenvolvimento), até à sua completa e madura estruturação (Bergeret), vivendo os intentos de cada uma das passagens, de modo a que os patamares de vivência sirvam de patamares evolutivos disponíveis para o serviço gregário, ambiental e comunitário.

Por outro lado, o eleito será verdadeiramente eleito, quando os eleitores deixarem de ser meros votantes e passarem a ser uns eleitores de madura e honrada eleição, elementos de um poder sufragado, jogando com o exercício da vontade (sem patologia volitiva), esta como pilar pleno da coluna vertebral da personalidade. O exercício da sanidade da vontade é um exercício canalizado para o exterior, com plena consciência dos determinantes, dos actos em ocorrência e das consequências. É uma tarefa continuada e voltada para o todo, para a comunidade, esta como cerne do civismo, da justiça, da liberdade e do desenvolvimento que tem que ser garantia de IGUALDADE.

O Grupo … é um excelente domínio, sem personificações e nunca com personificações patéticas …!

Sobejam múltiplas maleitas feitas por personificações e que a História se encarrega de tatuar…!...mas não tem conseguido evitar…!

Mas … o povo é manso, porque imaturo e excessivamente valorizador das esclerotizações sociais – crenças caducas e paralisantes, família, escola, institucionalidades (domesticadoras) e ministérios das castrações…! Enfim…portugalites e lusas infecções…!

Os “tugas” até gostam de saber o que os estrangeiros (preferencialmente os de locais civilizados ou idealizados) pensam sobre eles…! No desespero, viva o carnaval e a vicariância…!

 

Não o sendo por inteiro, força-se a ser…nem que seja pela mentira…!

Sem alternativas na mira, repetem, incessantemente, o ciclo da doença,

em detrimento da procura de uma candidatura a GENTE elegível à vida,

à vida de regência eutímica…!

 

Bem hajam construtores que corrigem e concluem

os jeitos e os feitios de criaturas … inacabadas…!

 

You never try … you never know …!