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A negação do modo como vivenciamos os afetos

2017
safetydialogues@gmail.com
Psicóloga. Mestre em Psicologia. Pós Graduada em Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais

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A negação do modo como vivenciamos os afetos

Precisamos urgentemente de deixar de banalizar os afetos, as nossas vivências psicológicas. No nosso Portugal, país de brandos costumes, de gente rija e a antiga ouvimos frequentemente frases do tipo “Os homens não choram”; “Uma palmada e um cinto fazem milagres”; “Se ela apanhou foi porque fez algo para o merecer”; “Psicologia é uma coisa para os malucos”; “Nada como uma boa noite de copos para resolver problemas”; “ Falar sobre os problemas é para os fracos”; entre outros tesourinhos de “pessoas fortes e rijas como a velha guarda manda ditar.

Depois ficamos a saber que, no meio de tanta gente rija e da velha guarda, muitos afogam os seus problemas no álcool, outros planeiam secretamente o suicídio, outros adormecem os problemas em medicamentos prescritos pelos médicos quando, em modo de confissão, lá se vão abaixo e pedem “algo químico” que os ajude. 

Vivemos numa sociedade que “mata” à partida os sentimentos, os afetos, as vivências psicológicas tão essenciais para o nosso bem-estar físico e emocional. É preciso abrir os olhos e aceitar que o nosso psicológico também rege o físico. É preciso formar todos os técnicos de intervenção em primeira linha. Não é vergonha sentir-se triste, ter problemas, e termos que procurar um psicólogo, um psicoterapeuta ou um psiquiatra competente que oiça e, terapeuticamente, ajude a reequilibrar a sua saúde mental em primeira linha, SEM MEDICAMENTOS, porque um químico é sempre o último recurso. 

É preciso sair da idade da pedra e entrar na era da modernidade, aceitando a nossa psique e todos os seus “quês” como parte da beleza humana. Se for necessário “copiar” algo no estrangeiro, a bom Português, olhemos para a realidade Inglesa, onde a psicologia é respeitada e onde estão comprovados os benefícios da intervenção cognitiva comportamental. São intervenções comparticipadas pelo estado Inglês.

Pelo bem-estar de muitos Portugueses, deixemos de querer ser rijos e da velha guarda. É que, deste modo, muitos não vivem. Apenas sobrevivem, representando um papel exigido por uma sociedade à antiga que quer ser considerada moderna e inovadora.