Eixo Mente-Coração
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Jornalista. Publicitário (Estácio). Pós-graduado em Psicologia Analítica (PUC/Rio). Leader Coach, Life Coach e Business Coach do IBC - Instituto Brasileiro de Coaching. Coautor do Livro - O Impacto do Coaching no Dia a Dia. Apresentador dos canais BusTV e TV Max. Colunista e Consultor da Catho. Colaborador da Revista Psique (Brasil, editora Escala). Autor e Palestrante do projeto social - Comunidade Profissional; Diretor do Instituto Lascani.
Artigo publicado na Revista Psique, edição 160, (Ed. Escala, Brasil)
Nos últimos 20 anos, a neurociência avançou muito, em pesquisas sobre o mapeamento do cérebro e suas funções, de forma cada vez mais detalhada, tanto nos campos de sua natureza localizacionista (estuda as regiões do cérebro e suas funções) quanto de sua natureza distribucionista (estuda, em mapeamentos mais profundos, que todas as regiões do cérebro exercem atividade, para qualquer função).
Sobre o conceito localizacionista, a teoria do cérebro trino,
do neurocientista norte-americano Paul Maclean (1913-2007) foi a que mais se
consagrou neste campo de estudo. A teoria indica que temos 3 cérebros: o cérebro
reptiliano, que é o cérebro dos répteis; o cérebro límbico, ou sistema límbico,
que é o cérebro dos mamíferos, abrangendo nossa psique emocional; e, por fim,
nosso neocórtex, que representa a evolução das espécies, em seu mais alto nível
psicológico, que é o do ser humano. Nosso neocórtex, supra desenvolvido, é o que
mais nos diferencia de todas as outras espécies de seres vivos. Tal evolução,
deu origem, por exemplo, à escrita e à fala humana.
Embora nosso neocórtex seja nosso cérebro racional; o límbico, emocional; e o
reptiliano, irracional, dentre estas três esferas neuro anatômicas,
surpreendentemente, a que mais influencia na comunicação humana, segundo
diversos estudos já realizados, é o cérebro reptiliano. Nesta região,
encontram-se nossos medos, defesas, ataques, fome, sono, e tudo de mais
primitivo que existe em nós, sobrepondo-se tudo que seja fundamental para nossa
sobrevivência.
Já, sobre o conceito distribucionista, em tempos mais recentes, os estudos da
neurociência, transcenderam, além do distribucionismo de nossas conexões
cerebrais. Novas pesquisas mostram que existe, em termos de consciência, uma
esfera ainda mais primitiva do que nosso cérebro reptiliano: nosso coração.
Uma verdadeira revolução começa a acontecer sobre os estudos
médicos acerca do coração, tal como seu nível de consciência, através de seus
neurónios e circuitos elétricos recém descobertos, e, ainda, sua conexão direta
com o cérebro.
Atualmente, um grande centro de pesquisas, nos Estados Unidos, chamado Instituto
de Matemática do Coração (HeartMath), analisa, meticulosa e profundamente as
atividades de nosso coração, com objetivo de descobrir novas funções e
influências que o órgão pode ter sobre o cérebro e sobre o corpo humano. Um dos
projetos do Instituto é estudar a coerência e a colaboração mútua, existentes
entre o cérebro e o coração.
Neste contexto, já se sabe, através das mensurações do
Instituto, que o coração tem cerca de 40 mil neurônios, e um impulso elétrico 60
vezes maior do que o do cérebro (mesmo com uma quantidade bem menor de
neurônios). Tal circuito, gera um campo eletromagnético que pode ser até 5 mil
vezes maior do que o do cérebro, o que corresponde a um campo de 4 a 5 metros de
cumprimento, podendo estender-se ou ajustar-se com maior resiliência do que o
campo cerebral. Estas descobertas, demonstram que alguns fenômenos que antes
eram considerados apenas de natureza cerebral são também relativos ao campo do
coração, nas relações humanas. Mas, o mistério em torno do número de neurônios
do coração ser bem menor do que o do cérebro, e, ao mesmo tempo, seu campo
eletromagnético ser maior, essa questão inspira pesquisadores do mundo todo a
estudarem de maneira vertiginosa, até conseguirem compreender como é possível
tal fenômeno.
Se há neurônios no coração, e, ainda, campo eletromagnético, naturalmente é
possível se concluir que a neurotransmissão conhecida pela ciência entre
cérebros, durante um diálogo humano, também acontece entre corações. O processo
de Rapport (francês, relacionamento), por exemplo, bem como toda
neurotransmissão ocorrente em nossas relações sociais, pode acontecer não apenas
por via cerebral, mas sim, também, através da comunicação entre nossos corações.
Além do Rapport, tal descoberta, nos faz refletir sobre diversos conceitos e
estudos científicos consagrados, já pesquisados, ao longo da história, como os
da Cocriação, Hipnose, Eletromagnetismo, Coaching, Psicologia Transpessoal,
dentre muitos outros.
Sobretudo, nos próximos anos, muitos destes estudos neuro científicos podem ser
revistos e ressignificados, conforme o que for comprovado, desta interligação
entre a mente e o coração. Por outro lado, tais estudos não perdem sua validade,
no campo das relações humanas, bem como a influência da neurotransmissão
cerebral, no processo de comunicação. Mas, nesta nova jornada de pesquisas, a
comunicação humana, em sua totalidade, ganha um novo componente, influenciador
destas relações, que é o nosso coração.
Ao que parece, e com base nas práticas do Instituto, o
coração pode, de forma intuitiva, influenciar mais nossas relações do que
imaginamos, e, talvez, ser, até mesmo, o maior influenciador de nosso
comportamento e de nossas tomadas de decisões.
Sabemos que o cérebro não sente nada. O cérebro apenas pensa e manda o sinal
eletromagnético para o corpo. O Corpo é que sente, incluindo o coração. Se o
cérebro pensa, e envia ondas eletromagnéticas para o corpo, que, por sua vez,
sente, sendo assim, um dos objetivos dos pesquisadores é descobrir o quanto o
coração serve como intermediador, entre o pensar e o sentir de nosso organismo.
Historicamente, por exemplo, muitas pessoas já enfartaram, subitamente, ao receber notícias ruins, de maneira que seus corações não aguentaram sentir tal surpresa desagradável. Outrossim, empiricamente, sabemos, também, do quanto elevamos nossas mãos aos nossos corações quando nos referirmos a nós mesmos, principalmente, em momentos de generosidade e ternura. O mesmo fazemos, quando queremos expressar amor e gratidão a alguém, e, neste caso, batemos com nosso punho, de maneira forte, em nosso peito, no lado em que fica nosso coração, para expressarmos nosso sentimento. Muitos desses movimentos corporais são realizados por nós, de forma intuitiva e inconsciente, mas, o fato é, que, na prática, nos direcionamos ao nosso coração, em diversas ocasiões, muito mais do que percebemos.
Ainda, no campo empírico, reconhecemos, também, quando nosso coração é capaz de acelerar em situações boas, como, por exemplo, em um reencontro com alguém que nos seja muito querido; e, ainda, em situações ruins, como em casos de stress. Ao contrário, o quanto nosso coração bate mais calmo em momentos de paz.
Sobretudo, o coração é o primeiro órgão humano a se formar de um embrião, em um processo de gestação. Através deste, e de outros dados, quando conjugamos as informações que já se tinha antes, com as novas descobertas, estudar o coração, de forma cada vez mais científica, é bastante empolgante para pesquisadores do mundo todo.
Acredita-se que em um futuro bem próximo, tais pesquisas nos mostrarão um poder de consciência muito elevado sobre nosso órgão vital. A crença, por exemplo, de que nosso cérebro reptiliano seja o nosso nível de consciência mais primitivo e instintivo, pode ser surpreendida por novas revelações sobre o nível de consciência primitiva de nosso coração. Talvez, iremos descobrir que estes sinais reptilianos se antecedam no coração. Na prática, os estudos seguirão não apenas observando-se e mensurando-se a influência do cérebro sobre o coração, mas, também, a do coração sobre o cérebro, e, ainda, sobre todo o nosso corpo e toda nossa psique, já que o coração, segundos estes novos estudos, também é parte de nossa consciência.
Portanto, não sejamos apenas corpo e mente, sejamos, também, mente e coração. Antes se pesquisava o eixo mente-corpo, agora, estuda-se uma forma de encontrar um eixo mente-coração. Que, por questão lógica, já sabemos que coexiste, mas, ainda não o consentimos de forma consciente. Contudo, elevarmos nosso conhecimento científico para tal eixo pode ser vital, para diversos aspectos de nossas vidas, tais como, para o nosso autoconhecimento, nossa longevidade, e, principalmente, para que haja, entre nós, mais amor. Pois sendo o coração parte do nosso corpo, e, ao mesmo tempo, parte de nossa mente, naturalmente, há um eixo mente-corpo, mas, também, um eixo mente-coração.