Objectivos:

Estudar os estados de mudança de uma amostra de sujeitos que apresenta dependência de diferentes substâncias, assim como a existência de diferenças estatisticamente significativas entre cada uma das dependências e o estado de mudança avaliado no início do tratamento.
Estudar os processos de mudança nos sujeitos da amostra que são dependentes de opiáceos.

Material e Método:

A amostra é composta por 163 sujeitos (23 mulheres e 140 homens, dos quais 42 apresentam dependência de opiáceos, 75 de álcool e 46 de cocaína - DSM-IV) que procuraram tratamento desde Janeiro de 1999 até Outubro de 2000 na Unidade de Comportamentos Adictivos (U.C.A.) da Área de Saúde nº 13 de Xàtiva (Valencia) e que completaram voluntariamente os instrumentos de avaliação.
O estado de mudança foi avaliado pelo psicólogo da U.C.A. no início do tratamento.
Os processos de mudança foram avaliados, nos sujeitos dependentes de opiáceos, através do inventário de Processos de Mudança (IPC-AH).

Resultados:

Verifica-se a predominância do estado de preparação para a mudança (40.5%). O cruzamento da variável “estados” com o tipo de “substância” (heroína, álcool e cocaína) apresenta diferenças estatisticamente significativas (p=0.00096), sendo que os sujeitos dependentes de álcool têm uma maior probabilidade de se encontrarem no estado de actuação (no início do tratamento), enquanto que os sujeitos com dependência da heroína e cocaína têm maior probabilidade de se encontrarem em preparação para a mudança. Em relação aos processos de mudança, a maior pontuação situa-se na “reavaliação ambiental”, seguida de “auto-reavaliação” e “auto-liberação”.

Conclusões:

Aconselhamos uma intervenção psicológica diferenciada no início do tratamento, utilizando como critério da mesma o estado de mudança em que se encontra o sujeito: técnicas motivacionais para sujeitos em pré-contemplação, contemplação e preparação; e técnicas de orientação cognitivo-comportamental para os sujeitos que se encontram no estado de actuação.