A pós-gerontologia desenvolve um estudo político, cultural e ético do envelhecimento humano.

O envelhecimento encontra-se organizado em função de uma política de idades, que lhe fornece uma significação particular num contexto determinado. Entende-se por política de idades, o modo como a sociedade exerce controlo sobre o desenvolvimento dos indivíduos em relação ao conceito de idade, de forma análoga à que se realiza com o conceito de género.

Este modo de pensar a gerontologia supõe considerá-la, tanto na sua prática como na sua teoria, fundada em concepções normativas sobre o critério de idade. O pensamento político em gerontologia tem, portanto, como base ideológica, a transformação dos modelos de controlo da velhice e dos dispositivos etários.

A pós-gerontologia enquadra-se dentro dos estudos culturais, já que em primeira instância implica o reconhecimento de um fenómeno cultural específico que remete para uma narrativa social e para um momento histórico, no qual se operam políticas de idades.

Se a velhice é entendida enquanto construção, como parte de uma política das idades, será com o fim de, desta forma, serem evidenciadas as determinações que levam a dotar com poder e prestígio ou a avaliar negativamente, cada grupo etário.

Por tentar descondicionar as diversas formas de poder, este tipo de pensamento terá uma perspectiva ética que determinará a sua acção. Tal perspectiva supõe trabalhar com a contingência, isto é, com o facto de que na construção social do envelhecimento pode ser estrategicamente útil - ou não - especificá-lo como um campo disciplinar, o qual deverá pensar na redefinição de uma política das idades.