Resumo

O objectivo do presente trabalho foi determinar se existiam ou não diferenças no autoconceito real e ideal e na autoestima apresentados por duas amostras diferentes de crianças, com base na hipótese de que estas estruturas integrantes da personalidade são um reflexo dos modelos sociais do meio ambiente e da realidade adquirida nas etapas sucessivas da vida e sobretudo das experiências precoces do indivíduo. É evidente que o meio familiar produz um profundo impacto positivo e negativo na pessoa: os pais podem alimentar a confiança e o amor próprio ou podem colocar enormes obstáculos no caminho da aprendizagem de tais atitudes; de tal forma que a relação que as crianças têm com os seus pais será a base fundamental da autoestima e do autoconceito real e ideal da criança. Entre os factores que podem provocar sequelas negativas de tipo físico e psicológico encontra-se o maltrato, podendo o afectado sentir-se indigno de amor, mau, inapto, inadequado e com uma imagem de si mesmo negativa. Para efeitos da investigação, utilizou-se o questionário de autoconceito real e ideal (Valdez e Reyez, 1991), que se aplicou a uma amostra de crianças: o primeiro subgrupo que tinha sido vítima de maltrato e o outro subgrupo composto por crianças que, na altura da investigação, declararam não ter sido maltratadas.

A análise de variância efectuada revelou que relativamente ao autoconceito real das crianças não maltratadas percebem-se com características mais positivas do que as maltratadas; no autoconceito ideal as diferenças indicam que as crianças maltratadas desejariam possuir atributos totalmente positivos e socialmente aceites e na autoestima as crianças não maltratadas tendem a valorizar-se de forma mais positiva do que as do outro grupo. Estes dados permitem demonstrar que neste estudo, o ambiente familiar é determinante na formação destas estruturas e as vivências negativas contribuem na auto-definição e auto-valoração inadequada do sujeito.

Introdução

Uma pergunta constante do ser humano encontra-se centrada na descrição que faz das suas características, pelo que uma das mais significativas interpretações da personalidade localiza-se na construção de si mesmo, termo que entre outros, foi também conceptualizado como autoconceito, sendo este uma das funções mais importantes da personalidade, da motivação, do comportamento e do desenvolvimento da saúde mental (Zarpa, 1994).

Como parte predominante da personalidade dos seres humanos, o autoconceito denota a forma como a pessoa se percebe a si mesma e inclui a consideração do que é. O autoconceito foi associado à forma como a pessoa pensa, age e sente e abarca aspectos físicos, comportamentais e mentais. Valorizou-se o seu estudo por ser um factor que intervém no desenvolvimento óptimo ou inadequado do indivíduo em todos os aspectos da sua vida.

Hurlock e Allport (Sánchez, 1983) indicam que o autoconceito é o núcleo central do padrão da personalidade, já que tem menos possibilidades de modificar-se em comparação com outras estruturas, para além de adquirir maior fixação com o passar dos anos e que, de acordo com Erikson (Baron, 1985), representa os modelos sociais do meio ambiente e também a imagem da realidade adquirida através das sucessivas etapas da infância.

Por outro lado, o autoconceito não só inclui o conhecimento do que a pessoa é mas também do que quer ou deveria ser, o que permite que a personalidade possa desenvolver-se mais adequadamente dentro de um meio ambiente específico. Isto constitui segundo Manjarrez (1998) o que se denomina como autoconceito ideal, que se define pela crença da pessoa ou do eu que se pensa que se quer ser. Inclui aquelas esperanças, desejos e a consideração do que outras pessoas pensam que o indivíduo deveria ser (Jourard e Landsman, 1987). Se o conceito real define o tipo de pessoa que se é, o autoconceito ideal é então o tipo de pessoa que se quer ser.

De acordo com Valdez e Reyes (1992), o autoconceito define-se então como uma estrutura mental de carácter psicossocial, que implica uma organização de aspectos comportamentais, afectivos e físicos, reais e ideais, acerca do próprio indivíduo, que funciona como um código subjectivo de acção em relação ao meio ambiente interno e externo que rodeia o sujeito.

Muito ligado ao termo de autoconceito encontra-se o de autoestima, apesar das intenções de unificar e diferenciar estas definições (De Onãte, 1989). Para Allport (1986), a autoestima indica, de forma directa, como se sente a pessoa em relação à percepção de si mesma. Reflecte o nível de auto-satisfacção ou aceitação (Fitts, 1965). Relaciona-se com algumas imagens específicas que o sujeito identificará como desejáveis ou não desejáveis, com base na sua experiência, considerando-a como positiva ou negativa, aprovando-a ou rejeitando-a de acordo com a própria percepção de si mesmo. Para Gross (1994), a autoestima é o grau de agrado, aceitação ou rejeição da pessoa em relação a si mesma; enquanto que para Pick e Vargas (1992) é o sentimento de valor próprio que se aprende desde a infância; a partir da interacção com outras pessoas sentimo-nos aprovados em maior ou menor grau, recebemos palavras de encorajamento ou desencorajamento, directa ou indirectamente dos pais e de outras pessoas. Nas palavras de Moysén (1996), pode-se estar muito insatisfeito com o que se é e desejar ser diferente; assim, pode sentir-se agrado por si mesmo e desejar desenvolver-se e extender-se à volta das mesmas linhas essenciais e em geral, quanto maior for a brecha entre o autoconceito real e o autoconceito ideal, menor será a autoestima.

Com base no referido anteriormente sobre o autoconceito e a autoestima, é necessário ressaltar a importância que o ambiente familiar e as experiências precoces da pessoa têm no que se refere a estas dimensões, já que têm um impacto posterior na sua personalidade. Isto é, o conceito de si mesmo da criança é, em grande medida, produto da sua experiência em casa, assim como da identificação com os seus pais e outras pessoas.

Isto tem estreita relação com o que Branden (1993) menciona: é evidente que o meio familiar pode produzir um impacto profundo para bem ou para mal; os pais podem alimentar a confiança e o amor próprio ou colocar enormes obstáculos no caminho da aprendizagem de tais atitudes, transmitir que acreditam na capacidade e bondade do seu filho, criar um ambiente no qual a criança se sinta segura, onde se fomente o aparecimento de uma boa auto-estima ou, pelo contrário, criar um ambiente hostil onde se faça o oposto para subvertê-la.

Desta forma, a relação entre pais e filhos será a base fundamental da autoestima e do autoconceito real e ideal da criança (Alcántara, 1990; Maya, 1996). Infelizmente, existem factores que limitam o autoconceito e, por conseguinte, a autoestima das crianças, entre os quais encontra-se o maltrato infantil. Para Maher (1990), o maltrato inclui uma série de ofensas que vão desde os extremos da violência e assassinato, até à mais subtil e insidiosa negação de amor à criança. De acordo com Osorio e Nieto (1992), o maltrato físico é o uso da força física de forma intencional, não acidental, dirigido a ferir, lesionar ou destruir uma criança, levado a cabo por um pai ou outra pessoa responsável pelo menor.

Entre as lesões mais importantes produto do maltrato encontram-se feridas, queimaduras, alopecia, fracturas nas extremidades e ossos do nariz, fracturas do crâneo e entorses. No entanto, o maltrato não é só físico, devem ser também consideradas as agressões verbais, omissões de cuidado e manifestações que de qualquer forma, transgridam ou violem a integridade.

Segundo alguns estudos (Polsony e Gee, 1974 e Gisbert, 1983 in Kempe e Kempe, 1985, entre outros), para além das sequelas de tipo físico, verificam-se também alterações psicológicas produto do maltrato, entre as quais se incluem as alterações do autoconceito e da autoestima das crianças. De acordo com os posições teóricas anteriores, o objectivo desta investigação foi determinar se existem ou não diferenças no autoconceito real, no autoconceito ideal e na autoestima que apresentam duas amostras diferentes de crianças da cidade de Toluca, México.

Método

Sujeitos

Trabalhou-se com uma amostra de 100 crianças com idades entre os 8 e os 12 anos, de ambos os sexos; 50 foram captadas num albergue infantil de Toluca, com a condição de terem sido objecto de maltrato antes do seu internamento no albergue; as 50 restantes pertenciam a famílias compostas por ambos os pais e que, no momento da investigação, declararam não terem sido vítimas de maltrato.

Instrumento

Para avaliar o autoconceito real e ideal utilizou-se o Questionário de Autoconceito (Valdez e Reyes, 1991; Valdez e Reyes, 1992) que avalia cada um destes constructos através de 37 adjectivos, com 5 opções de resposta que vão desde a presença do atributo (1) até à sua ausência (5). Este instrumento permite explicar 46.9% da variância total do autoconceito e tem um alpha de Chronbach de 0.83, o que demonstra uma validade e fidelidade adequadas para a sua utilização. Para obter a autoestima, uma vez que se têm as pontuações do autoconceito real e ideal respectivamente, obtêm-se os valores absolutos da diferença entre estes resultados, partindo da permissa de que a autoestima é o resultado da distância entre o autoconceito real e o autoconceito ideal e quanto maior a distância, menor a autoestima e vice-versa (Balcázar, 1996).

Procedimento

Obteve-se permissão para trabalhar no albergue e a autorização dos pais das crianças de famílias intactas. Aplicaram-se a todos os sujeitos participantes os instrumentos de uma forma individual, explicando-se as instruções e respondendo a possíveis dúvidas. Uma vez administrados os instrumentos, foram devolvidos ao investigador e analisaram-se estatísticamente para obter resultados.

Para avaliar a existência ou não de diferenças entre grupos, os dados submeteram-se a uma análise de variância (Oneway) com um nível de significância de 0.05, sendo as médias obtidas por cada grupo objecto de comparação.

Resultados

Em primeiro lugar, os resultados sobre o autoconceito real indicam que as crianças de famílias intactas têm uma percepção de si mesmas como mais honestas, limpas, activas, sinceras e boas do que as crianças maltratadas, as quais unicamente se percebem como mais românticas do que as primeiras (ver tabela 1).

Tabela 1. Análise de variância do autoconceito real de crianças maltratadas e crianças de famílias intactas.

Em relação ao autoconceito ideal, as crianças de famílias intactas gostariam de ser mais irritantes, mentirosas, inconstantes, insensatas, rebeldes, românticas e críticas, enquanto que as crianças maltratadas desejavam ser mais sinceras, simpáticas, honestas, partilhadas, acomedidas, boas e trabalhadoras (ver tabela 2).

Tabela 2. Análise de variância do autoconceito ideal de crianças maltratadas e crianças de famílias intactas.

Para finalizar a apresentação de resultados, a análise de variância da autoestima revelou que as crianças de famílias intactas valorizam mais o facto de serem honestas, activas, limpas, sinceras, travessas, obedientes, insensatas, boas, agressivas e acomedidas, enquanto que as crianças maltratadas não apreciam estes atributos (ver tabela 3).

Tabela 3. Análise de variância da autoestima de crianças maltratadas e crianças de famílias intactas.

Discussão

Este trabalho teve como objectivo comparar o autoconceito real, o autoconceito ideal e a autoestima em duas amostras diferentes: crianças maltratadas e crianças de famílias intactas que não tinham sido objecto de maltrato. Para tal efeito, é pertinente indicar que o conceito de si mesmo ou autoconceito, como também é chamado (Branden, 1996), indica o que a pessoa acreditar ser, como se sente acerca de si mesma e como crê que actua. Esta imagem de si mesmo pode abarcar ou incluir aspectos físicos, emocionais e mentais. O autoconceito vai surgindo não de forma espontânea, mas desenvolve-se em cada etapa da vida do ser humano e vai-se modificando através das experiências da pessoa (Balcázar, 1996).

Os resultados da investigação revelam que em relação ao autoconceito real, as crianças de famílias intactas têm uma percepção de si mesmas mais positiva, já que se definem como honestas, limpas, activas, sinceras e boas. Isto coincide com o mencionado por Mussen, Conger e Kagan (1994), que determinam que o autoconceito que a criança tem de si mesma é, em grande medida, produto da sua experiência em casa, assim como da identificação com os seus pais. Hurlock (1990), por sua vez, comenta que as crianças que vivem em ambientes favoráveis aprenderão a ter confiança em si mesmas e nos outros, a definir objectivos, a amar-se e a aceitar-se a si mesmas. Isto é, a autodefinição é mais favorável quando o ambiente familiar e as condições externas são adequadas.

No que respeita o autoconceito ideal, este inclui as aspirações e esperanças que a pessoa apresenta; isto é, o ser humano pode não estar satisfeito consigo mesmo e desejar modificar alguns aspectos da sua identidade. Os resultados da investigação indicam que as crianças de famílias intactas gostariam de possuir características socialmente negativas e referiram que gostariam de ser mais irritantes, mentirosas, inconstantes, insensatas, rebeldes e críticas. Estas características correspondem ao tipo de mexicano rebelde activamente afirmativo já referido por Díaz-Guerrero (1991), o qual tende a ser independente, autónomo, rebelde, individualista, desorganizado e pouco sensível a regras e à ordem social, não gosta de receber ordens, pois prefere estar livre e sem obrigações com os outros e apresenta as características que uma criança desta idade aspira possuir (Hurlock, 1990).

Pelo contrário, as crianças maltratadas não manifestaram desejo de trocar alguma característica (autoconceito ideal), o que permite pensar que se o meio é favorável, a criança terá confiança em si mesma, o que a leva a ter uma maior consciência das suas qualidades e limitações para lutar e obter melhores condições de vida (Pick, 1992) e proporcionar-lhe-á uma melhor imagem de si mesma. As crianças maltratadas definem-se a si mesmas com atributos negativos ou socialmente pouco desejáveis e desejam possuir características positivas que as façam sentir-se aceites pela sociedade (Bousha e Twentyman, 1984 in Acevedo, 1996). A este respeito, Dot (1989) descreve que entre as características do maltrato que a criança pode sofrer, incluem-se o abuso físico, o maltrato psicológico ou emocional, o abuso sexual e o abandono ou negligência (referida como a ausência de uma protecção suficiente da criança contra riscos físicos e sociais), o que faz com que a criança maltratada se considere má, indigna de afecto, inapta, feia, inadequada e com uma imagem negativa de si mesma. Esta criança define-se como “má”, o equivalente de “sou uma pessoa sem valor”, “sou um fracasso”, “ninguém me ama”, “só aborreço os outros”, “se ninguém me ama é porque não sou digno de afecto” e consequentemente conceptualiza-se negativamente e procurará possuir características positivas que a levem a uma aceitação pelos outros. Assim, os resultados do autoconceito ideal demonstram que as crianças que foram maltratadas desejam possuir características mais positivas ou aceites socialmente, desejam trocar os atributos que consideram negativos.

Para Branden (1995), a autoestima é uma suma integrada da confiança e respeito por si mesmo. Possuir uma alta autoestima ou o facto de esta ser positiva implica sentir-se competente para viver e merecer a vida e para sentir-se adequado como pessoa para enfretar as diversas situações. Valdez (1994), de acordo com a sua teoria sobre o autoconceito e a autoestima, considera que esta última é o resultado da diferença que existe entre o autoconceito real e o autoconceito ideal; isto significa que quanto maior a distância entre o real e o ideal, mais baixa será a autoestima e, pelo contrário, quanto menor a distância entre eles, mais alta seráa autoestima.

No que se refere aos resultados obtidos para a autoestima, as crianças de famílias intactas tendem a valorizar mais o facto de serem honestas, activas, limpas, sinceras, travessas, obedientes, insensatas, boas, agressivas e acomedidas. Estas características revelam atributos positivos na sua forma de ser, possivelmente devido ao meio familiar no qual se desenvolvem e que ajuda a reafirmar a sua autoestima e inclui também a valorização de qualidades como tolice e agressividade. Na amostra de crianças maltratadas, observou-se que elas apenas valorizam o romantismo, o que é congruente com o defendido por Kempe e Kempe (1985), que afirmaram que as crianças que foram objecto de maltrato têm uma grande dificuldade em falar de si mesmas e quando o fazem, utilizam atributos ou características negativas ou referem desejar atributos ou qualidades socialmente valorizadas com a finalidade de obter aceitação dos outros. As crianças maltratadas não valorizam qualidades como ser honesto, activo, limpo, sincero, travesso, obediente, insensato, bom, agressivo e acomedido, observando-se assim que se mantêm na mesma linha que os conceptualiza como maus, negativos e indesejáveis.

Isto está de acordo com o referido por Rosen (1991; Natera e col., 1994), já que é comum que as pessoas que viveram em ambientes de violência tenham uma baixa autoestima, o que indica que estas pessoas valorizam menos características positivas, porque vivem desde muito pequenas num meio hostil, sendo o alvo de todas as agressões verbais e físicas dos seus próprios pais. Como a violência é um acto de poder e dominação que anula a confiança da pessoa em si mesma, ela tende a causar mais dano quando se manifesta no interior da família. Estes resultados também estão de acordo com o estudo realizado por Reidy (1976; in Maya, 1996), com crianças vítimas de maltrato e cujos resultados mostram que as crianças objecto de abuso são mais agressivas, têm poucos sentimentos de pertença, baixa autoestima e uma baixa inteligência verbal em comparação com as crianças não maltratadas.

Finalmente, para Branden (1993), uma criança tratada com amor e aceitação tende a interiorizar este sentimento e a sentir-se como alguém digno de carinho; o amor em relação a si mesmo manifesta-se pela expressão verbal positiva de si, pelas acções de cuidado, pela aceitação e reconhecimento de sentimentos e pensamentos positivos e pelo gozo e prazer que mostram pelo mero facto de existir. Uma criança que é aceite, amada e que se desenvolve segundo práticas adequadas possui um autoconceito positivo e autoestima elevada, sendo estes favorecidos pelo clima de aceitação e amor que as faz sentirem-se bem consigo mesmas e com os outros, assim como serem capazes de atingir êxito nos seus projectos.

Contrariamente, são poucos os casos de crianças maltratadas que se permitem desfrutar e gozar a vida (Kempe e Kempe, 1985), brincar e rir, devido ao facto de se sentirem pouco satisfeitas consigo próprias; no geral pensam que são antipáticas e estúpidas; tendem a ser assustadiças, tímidas, passivas e obedientes; isto é, a vivência num ambiente familiar destructivo onde são agredidas, ridicularizadas, humilhadas, onde lhes são aplicados castigos severos que provocam danos físicos e psicológicos, repercutem negativamente no seu autoconceito e autoestima.

No que se refere ao autoconceito real, encontraram-se diferenças significativas entre os grupos: as crianças de famílias intactas percebem-se com características positivas, que provavelmente são produto de um ambiente adequado; inversamente, as crianças maltratadas apenas se consideram românticas. Estes resultados demonstram que o ambiente familiar pode ser determinante na formação do autoconceito das crianças e que as vivências negativas contribuem para a autodefinição inadequada do sujeito.

A comparação do autoconceito ideal indica diferenças significativas, já que as crianças de famílias intactas gostariam de possuir características negativas, contrárias às que possivelmente foram aprendidas em casa e às que se põem em jogo para procurar uma consolidação do seu eu. As crianças maltratadas desejam possuir atributos totalmente positivos que lhes permitam ser aceites pela sociedade e por si mesmas, já que como resultado do maltrato, sentem-se inadequadas como pessoas, incapazes de serem amadas e aceites pelos outros.

A autoestima destes grupos difere significativamente: as crianças que vivem em famílias intactas tendem a valorizar-se de forma positiva e as crianças que foram maltratadas valorizam-se negativamente. Assim, estes resultados permitem corroborar o referido em relação à teoria de que a autoestima e a autodefinição são influenciadas e sofrem o impacto de diversos factores como é o caso do fenómeno do maltrato.

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