Este é um estudo sobre a crueldade nas instituições educacionais. Procura-se compreender as razões pelas quais a possibilidade de uma prática articulada em torno de um projeto científico comum acaba geralmente sendo prejudicada pelas diferenças , por conflitos e divergências entre pares que, ao invés de superados através do debate acadêmico, acabam evoluindo para um jogo violento e perverso de poder. O saber como virtude, passa a não ser a principal fonte de motivações. A clarificação, retificação ou afirmação das idéias através do debate, que implica a escolha, ordenação e exposição dos argumentos através do pensamento, foi sendo paulatinamente substituída por uma luta surda de bastidores, pela burocratização das relações políticas , onde o prazer pela produção do conhecimento é substituído por uma tentação: o gesto consciente e deliberado em prejudicar outrem. Tal fenômeno, constatável no cotidiano das intituições , deixa marcas profundas não só nos corpos dos agentes implicados1 , mas na cultura dessas instituições, permeadas por um clima persecutório, sempre alguém tramando contra alguém, implicando com isso que parcela significativa da energia disponível para o conhecer, é desviada para a defesa, prejudicando a compreensão. Nesse sentido , a análise da crueldade justifica-se pela premente necessidade em se atenuar a ação desse mal e pela possibilidade da psicoprofilaxia no sentido de se evitar a deterioração das relações institucionais.