A proposta que trazemos de inclusão baseia-se num modelo de prevenção, inicia-se pelo conceito de preocupação materna primária, WINNICOTT(1993) pediatra e psicanalista inglês, descreveu esta atitude como sendo as primeiras providencias que a mãe inicia ao planejar a inclusão do projeto bebê/filho e posteriormente todos os demais cuidados dispensados durante a gravidez. Neste momento as fantasias podem ser elaboradas positivamente, favorecendo a criação de um espaço interno imaginário (na mente materna primeiramente) para depois aparecer um espaço externo real, aonde este ser humano será incluso e aceito.

Portanto antes que exista o bebê concreto ele já está vivo na mente da mãe, vai ocupando e conquistando um lugar de identidade. Neste espaço imaginário, a mãe pode odiar seu bebê antes mesmo que ele a odeie, porque ao permitir a entrada do novo, do desconhecido do diferente e talvez "deficiente" (quando há presença de sentimentos persecutórios constantes), fere nosso narcisismo (nossa imagem de espelho perfeita e ideal). Ao mesmo tempo que a mãe alimenta as fantasias do igual, perfeito, feio, bonito aparece a ambivalência dos afetos: é a vez da luta entre amor e ódio, bem e mal, perfeito e imperfeito, aceitar e rejeitar, conhecer o desconhecido, medo do estranho, ou será familiar!

Este pressuposto teórico nos ajuda a compreender esta dinâmica relacional humana entre a maternagem imaginária e maternagem ambiente que poderá acolher ou excluir: dependendo da força dos afetos amorosos ou destrutivos. Se o predomínio for por sentimentos perigosos e destrutivos, a defesa será o afastamento, a rigidez, o impedimento, a distância do outro, negação, não quero conhecer. Se forem predominados os sentimentos amorosos, reparadores e construtivos haverá continência, flexibilidade, compaixão, segurança, desejo de conhecimento.

Estes sentimentos podem ser vivenciados para a espera de um bebê ou no modelo de inclusão ao qual propomos sendo do portador de necessidades especiais. Consideramos que poderão estar neste inter-jogo emocional outras demandas (individuais, culturais) não pretendemos aqui ponderar de forma reducionista, apenas olhamos esta situação por um vértice.

Se as instituições quaisquer que sejam familiares, escolares, sociais ou empresariais quiserem se constituir como espaços que acolham as diferenças a meta não deve ser necessariamente enquadrar, mas sim ajudar o "diferente" a encontrar um lugar social, uma identidade. Poderá auxiliá-lo a encontrar respostas por diversas vias, através de outras formas de conhecimento e possibilidades. Entra aqui as Teorias das Inteligências Múltiplas, a flexibilidade, as competências e habilidades intelectuais humanas.