Este trabalho visa investigar como as atitudes em relação à feiúra, quer seja ver-se feia ou atribuir feiúra ao outro, revelam maneiras de lidar com o corpo até então não evidenciadas. A feiúra é, atualmente, uma das mais presentes formas de exclusão social feminina, e como tal, uma importante forma de agenciamento de subjetividade. Tomando a gordura como uma das atribuições mais representativas de feiúra na cultura atual, apontamos para os processos de exclusão vividos por aquelas que nela se enquadram. Buscando demonstrar como a imagem da mulher e a construção da identidade feminina estão fortemente associadas à beleza, destacamos alguns dos qualitativos morais e estereótipos depreciativos mais comumente observados. Paralelamente, enfatizamos o novo paradigma cultural da contemporaneidade - o dever moral de ser bela como um adicional aos padrões estéticos de beleza que sempre existiram ao longo da história. Tomando a obrigação moral de ser bela como parâmetro, ilustramos este trabalho, com vinhetas colhidas de pesquisas realizadas sobre práticas corporais (malhação, cirurgia plástica e cirurgias bariátricas) que consideramos mais representativas e/ou radicais na tentativa de evitar o desvio dos padrões de beleza socialmente estabelecidos.