O crime de abuso sexual de crianças afigura-se como uma problemática cada vez mais preocupante na nossa sociedade. Este estudo faz parte de uma linha de investigação em desenvolvimento que tem como objectivo compreender o abuso sexual de crianças estudando factores relacionados com o abusador. Neste sentido, procuramos descodificar as relações entre o cérebro e os processos cognitivos, emocionais e de comportamento, associando a violência aos défices neuropsiquiátricos. Para tal foram realizadas entrevistas e aplicadas provas neuroanatómicas (Ressonância Magnética) e neuropsicológicas a 13 abusadores, reclusos, devido a crimes de pedofilia. Os dados do presente estudo sugerem que os abusadores sexuais apresentam disfunções típicas ao nível do comportamento social, da atenção, transtorno de ansiedade, transtornos da personalidade anti-social e alterações neuro-anátomo-funcionais. Nos casos aqui apresentados salientamos a atrofia orbito-medial frontal, atrofia dorso lateral frontal bilateral, atrofia pré-frontal generalizada e um caso de alterações significativas do Corpo Caloso (apresentado aqui). Estes défices possibilitam reflectir acerca da relação cérebro-mente no comportamento de crimes sexuais de pedofilia, pelo que seria necessária a adequação de métodos e programas de avaliação e intervenção para diminuição do risco deste crime bem como a sua nefasta reincidência.