O presente texto discute a dificuldade que as pessoas têm de lidar com o sentimento amoroso e de confundi-lo com paixão, por isso acreditam que existe ´amor à primeira vista´. Certamente, esse tipo de vínculo somente é possível por meio da convivência e do conhecimento do objeto. Em uma equivocada contradição, o amor real ou cantado em prosa e verso está sempre associado a aspecto negativo, quando, na verdade, ele se pauta unicamente na perspectiva positiva de elevar e engrandecer os indivíduos. A falta de uma educação formal que não negligencie os sentimentos a favor da cognição, junto aos vínculos paternos formados com base na condicionalidade dos afetos e um aprendizado traumático nos primórdios dos seus ensaios românticos, aleija a habilidade do sujeito para administrar o sentimento amoroso. Por causa disso, polariza-se essa relação supostamente de amor na doação excessiva ou no interesse mercantilista da exigência do retorno ou da troca, ou desenvolvem-se mecanismos de defesa, medo de se entregar a essa vivência, o que impede a manifestação e os benefícios espontâneos desse sentimento sem exigência ou cobrança. Enfim, para se proteger da vulnerabilidade que suscita o estado amoroso e do sofrimento em decorrência de um provável fracasso romântico, muitos se refugiam na couraça (endurecimento afetivo) e se lançam em performances mecânicas de busca e produção de prazeres no sexo compulsivo e vulgar.