Existem representações sociais diversas sobre padrões definidores de normalidade que direcionam o erotismo humano, incluindo aí concepções sobre casamento e relacionamento conjugal. A literatura pode ser um modo de evidenciar esses padrões, por isso, este estudo qualitativo, tipo documental, teve por objetivo analisar a temática das relações conjugais em duas obras do autor russo Lev Tolstói: ´Felicidade Conjugal´ e ´A Sonata a Kreutzer´. A partir da análise de conteúdo, os resultados discutem as seguintes categorias: 1) A relação conjugal como sinônimo de posse; 2) O desejo sexual como mercadoria, 3) Enamoramento e Amor e 4) Casamento e Fidelidade e 5) Relacionamento e gênero. Nas duas narrativas as dificuldades nos relacionamentos conjugais são apresentadas de modo a explicitar o enamoramento e o cotidiano tendo como pano de fundo as relações de posse entre as pessoas; a crítica evidente diz respeito ao principio de individuação, que tem como base a propriedade privada, inclusive nos relacionamentos amorosos e sexuais. Conclui-se que a análise dessas obras de Tolstói contribui para refletir sobre como os relacionamentos conjugais se configuram também na atualidade; além disso, ressalta-se que a literatura é um instrumento interessante para problematizar e refletir certos padrões de conduta em sexualidade e que poderia ser usada em propostas intencionais de educação sexual.