Este artigo sugere uma reflexão teórica acerca do estigma da depressão no fenômeno social da doença mental; conforme os teóricos Solomon (2002), Cuche e Gerard (1994), Foucault (2004), Marinoff (2001), Cordás (2002), Ribeiro (1999) e Amarante (1996), a melancolia entendida como tristeza, delírio, inércia e torpor, foi contextualizada historicamente como depressão no estudo das doenças mentais, envolvendo a genética, como alteração da função nervosa, perturbação mental, tratada pela medicina mental, baseada no entendimento anatômico-cerebral, sob o prisma da medicalização, sendo inserida num plano de controle social com a consolidação da psiquiatria e desejo de modificar o atendimento assistencial aos pacientes doentes mentais. Moreira (1992), Amen (2000) e Bauer et al (1993), Valentini et al. (2004) afirmaram a falta de consenso e a diversidade de definições de termos envolvendo o assunto, por causa das excessivas diferenças entre as manifestações patológicas, a despeito do surgimento de antidepressivos no tratamento da depressão, bem como pesquisas baseadas na ação dos neurotransmissores e na tecnologia especializada na regulação das emoções, apesar dos pacientes atendidos na rede básica de saúde apresentando sintomas de depressão não recebem diagnóstico e tratamento correto. Simon (1992), Goffman (1963), Link et al (1999), Lauber et al (2004), Corrigan e Gelb (2006), Roudinesco (1998, 2000), Birman (2001) e Fuks (1999), Rosenhan (1973), Benedict (1934) apud Rosenhan (1973), Evelyn (2009) e Teixeira (2005) tratam do agravamento do quadro pelas atitudes negativas sobre pessoas com deficiência comumente conceituadas como estigmatização, rotulando os doentes mentais com atributos indesejáveis expressos de diversas maneiras, desejando evitar a interação social cuja distância social está relacionada a percepções das pessoas de que os indivíduos com doença mental podem ser perigosos, variando de acordo com o diagnóstico psiquiátrico e que é necessário a redução de estereótipos negativos da mídia de massa negar a existência da angústia pessoal, pois normalidade e anormalidade não são conceitos universais, aonde a depressão ganhou status de efeito colateral da pós-modernidade, sendo predominante na vida mental de certas pessoas como os narcísicos ou melancólicos, produzindo formas de sofrimentos psíquicos específicos devendo haver inicialmente um diagnóstico diferencial para a depressão, cujo tratamento pode incluir medicamentos, psicoterapias ou a combinação dos dois. Zahavi (2005), Ricoeur (1990), Lemos & Cavalcante (2009), Moreira (2004), Lipovetsky (2007), Giddens (2002), Benasayag (2005; 2009; 2010), Moreira (2004), Kristeva (2002), . Homem (2003) e Birman (2003) falam da vivência experiencial e dos vínculos que constroem a identidade autobiográfica do sujeito, aonde as novas demandas clínicas envolvem a necessidade de entendimento dos aspectos culturais e sociais do paciente inserido numa realidade de ´cultura do risco´, cujo modelo biomédico não dá conta dos aspectos existenciais e psicológicos gerando uma descartabilidade medicamentosa ilusória e vazio simbólico. Júnior (1983), Albuquerque (1978), Cooper (1973), Dantas (1981), Kuhn (1962), Birman (1980, 1992), Santos (2001), Rolnik (1989), Baptista (1999, 2001), Guattari (1990) e Pelbart (1997) apud Deleuze (1992) pressupõem que a depressão deva também ser compreendida a partir das relações interpessoais, vendo na família, a promotora de uma mediação educativa de estabelecimento de papéis, criando condições (inclusive aos depressivos) para assumirem uma identidade e liberdade.