O câncer, culturalmente, é uma patologia conhecida por suas mutilações e desconfigurações corporais que ocorrem no decorrer do tratamento. A mama convoca o imaginário social para associações com a feminilidade e interpretações desta ordem. O presente artigo discute o conceito de trauma na psicanálise a partir do cenário das mulheres mastectomizadas ampliando a percepção psicológica do sofrimento deste contexto. Vinhetas clínicas ilustrarão o conceito e as intervenções psicológicas implicadas nesta concepção. Desde Freud até autores contemporâneos acompanhamos uma evolução no conceito de trauma onde a linguagem submeterá a lógica do trauma a mesma concepção do inconsciente estruturado como linguagem. A construção do trauma deve ser feita junto com o sujeito, a partir do seu discurso e não considerando apenas o evento como traumático. Foi possível aprofundar o conhecimento sobre o que vem a ser traumático para psicanálise e concluir que a escuta do sujeito é salutar neste entendimento permitindo avançar numa leitura que ultrapassa os fatos e privilegia a narrativa.