A Fibromialgia (FM) corresponde a uma condição reumática caracterizada por dor musculo-esquelética generalizada e difusa, de etiologia indeterminada e sem origem orgânica detectável. Atingindo entre 2% e 4% da população adulta portuguesa, a FM agrega na sua expressão uma vasta gama de manifestações clínicas que interferem com o funcionamento diário e a qualidade de vida, revertendo frequentemente numa vivência debilitante e frustrante para o indivíduo, que não encontra explicação nem cura para o seu estado doentio e doloroso. Face a este quadro, não é raro o surgimento de comorbilidades psicológicas como ansiedade e depressão nestes doentes, que muitas vezes preferem optar pelo isolamento, evitando actividades sociais e de lazer que habitualmente constituíam experiências gratificantes. Ainda, a percepção do estado de saúde como frágil, imprevisível e incontrolável, fomenta sentimentos de insegurança, de frustração e de inutilidade, com repercussões ao nível da auto-imagem, do auto-conceito, da auto-confiança e da auto-eficácia, motivando o surgimento de sintomas ansiosos e depressivos. Por outro lado, estes sintomas também se encontram frequentemente associados com uma percepção elevada da severidade e da interferência da dor, funcionando com um ciclo vicioso no qual, a cronicidade da dor motiva o surgimento destes sintomas, assim como estes sintomas podem amplificar a percepção da sensação dolorosa.