O artigo pretende demonstrar as potencialidades do Diário de Bordo sendo utilizado na área da Psicologia. Esse instrumento fora amplamente aplicado em diversas áreas do conhecimento, mas hoje em dia é sabido – através da História da Ciência – que muitos cientistas dos mais variados campos o empregava enquanto ferramenta. Sua conveniência se encontra no fato de permitir com que o pesquisador possa estar constantemente recorrendo a escrita para “esclarecer-se” sobre sua prática, colocando em ordem os seus pensamentos, organizando as suas suposições e hipóteses de modo a formular passo-a-passo um esboço elementar das configurações básicas da sua investigação e do seu cotidiano investigativo. Pretende-se demonstrar de modo factual e experiencial o que é o Diário de Bordo, para isto utilizou-se como exemplos os relatórios produzidos na disciplina de Psicologia do Cotidiano que ocorreram durante o ano de 2016. Dentro do espaço de um ano produziu-se desde do início um Diário de Bordo com a finalidade de testar suas diversas funcionalidades. Concluiu-se que a ferramenta é útil e tem um valor histórico com características psicológicas muito peculiares, a título de exemplo podemos afirmar que o registro do cotidiano de uma prática científica tem singularidades dado a subjetividade do pesquisador e que esta não é ausente, mas comparece frequentemente. Esse trabalho está dividido em duas partes. O primeiro Diário de Bordo se refere a observações simples e descrições de diversos ambientes sociais, como também sua análise e interpretação. A ideia é simplesmente permitir com que o investigador possa adquirir autonomia de pensamento e de observação e ao mesmo tempo estimular sua criatividade e originalidade. Já no segundo Diário existe uma complementação entre a criatividade e originalidade, somado à busca de evidências já existentes para dar base e sustentação as teses do escritor. Por fim, podemos constatar que o Diário de Bordo é um experimento de estimulação de diversas capacidades cognitivas necessárias ao bom desenvolvimento de uma prática científica, a saber: a faculdade de autoconhecimento e do senso crítico-analítico. Como também a capacidade de distinção e discernimento de processos subjetivos e objetivos, de mundo interno e externo. Pré-requisito esses que são necessários a um pensamento que se pretende ser autêntico.