Analisa-se aqui as adições sob a hipótese de que elas são uma modalidade do mal-estar na contemporaneidade, considerando adição a situação de dependência do sujeito com um objeto, onde o primeiro torna-se escravo desejante do último. Dentre estas estratégias de viver em laço social disponibilizadas pela sociedade contemporânea existe o afastamento da realidade do próprio corpo, o alívio imediato diante do mal-estar. A compulsão pelas drogas pode resultar em adição, de forma que a satisfação procurada é apenas suposta, pois esse gozo é buscado no corpo mas nunca alcançado, assim torna o sujeito alheio ao seu desejo. Lacan presumiu na sua obra que quatro são os impossíveis na civilização: governar, educar, psicanalisar e fazer desejar, dando a estes a conotação de discursos. Entretanto, Souza propõe a existência de dois discursos enquanto exceções, a saber o Discurso do Capitalista e o Discurso do a-viciado. O Discurso do Capitalista surgiria como dominante na sociedade atual. O Discurso do a-viciado é pensado por Souza como uma proposta para abarcar algumas das condições que abalam o sujeito. Tal discurso não se trata de uma forma de contemplar o uso de alguma droga, nem de abarcar as compulsões que podem funcionar de forma a proteger o desejo. Ainda que um limiar de gozo seja definido, pode ser percebida uma condição de devastação, o desejo é desconsiderado e o objeto pode fazer com que o sujeito goze além do que consegue controlar.