É reconhecido que a Psicologia tem vários ramos disciplinares e um dos mais relevantes é a Psicometria, que consiste na construção e aplicação de instrumentos psicológicos (Colman, 2003). São estes instrumentos que os Psicólogos utilizam no quotidiano do seu trabalho, e que por vezes despendem com eles horas e dias. O custo do tempo na aplicação e cotação pode ser reduzido, dessa forma torna-se possível a fertilização da intervenção de Psicometristas.

Quando as profissões inerentes a Psicologia são filtradas em Portugal, compreende-se que existe um raro número de Psicometristas. Estes, por sua vez, estão ligados a Universidades, Hospitais, Empresas e Agências Governamentais. Trabalham como Psicometristas, contudo ainda desempenham outras funções. Trata-se de profissão reduzida em núcleos distintos em Portugal. Nos EUA, a administração dos testes realizada por Psicometristas bem treinados, é bem aceite e bem recebida evidenciam Strauss, Sherman e Spreen (2006) fazendo a referência do uso de Psicometristas especialmente nos testes neuropsicológicos.

Contudo, a importância de Psicometristas, não se limita apenas em contextos universitários, clínicos públicos ou privados. Os Psicometristas podem ser um recurso inesgotável, podem auxiliar empresas a desenvolver específicos instrumentos de recursos humanos (motivação, clima motivacional, liderança, entre outros); podem auxiliar Psicólogos Educacionais nas escolas, estudantes de Psicologia e de outras áreas, nas suas teses de mestrado e doutoramento. É comum em Portugal, o governo e as empresas encomendarem estudos. Muitas vezes pagam a Universidades que recrutam alunos. Os estudantes, que normalmente ganham um montante definido por cada questionário bem sucedido, aplicam os questionários em diversos locais, tais como aeroportos e centros comerciais. A posteriori, estes mesmos alunos inserirem os dados e a sensível questão sobre a qualidade deste trabalho, pago ao questionário devidamente preenchido, perdura. A resposta será sempre a mesma, de que é preferível utilizar uma mão-de-obra qualificada para se obter resultados de qualidade e de confiança.

Os Psicometristas, definem-se pelo seu trabalho e experiência, são técnicos (licenciados em Psicologia). Mas perante a necessidade de salvaguardar os clientes com um serviço de qualidade, o Código Deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugueses apenas permite que quem manuseie os testes psicológicos tenha o grau de mestre em Psicologia, excepto se trate de treino ou formação para exercer a profissão. Em Portugal, não existe nenhum curso para ser Psicometrista, a base é Psicologia e conhecimentos de investigação, com licenciatura e mestrado em Psicologia. Pode-se apostar posteriormente numa formação mais específica, aprofundando os conhecimentos com pós-graduações em métodos quantitativos, psicologia quantitativa, estatística, matemática, assim como mestrados e doutoramentos. Outros investimentos seguros serão os cursos de software tais como o SPSS, AMOS e o LISREL.

Quanto à profissionalização da Psicometria, esta permitirá uma agilização nos estudos encomendados, agilização na gestão da avaliação (testes administrados e cotados) para além de uma gestão mais eficaz do tempo. A profissionalização mais prolífica desta área, no futuro, pode ser mais uma solução de emprego para os Psicólogos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Colman, A. M. (2003). Oxford Dictionary of Psychology. New York: Oxford University Press

Ordem dos Psicólogos Portugueses (2011, Abril). Código Deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugueses. DR 2ª série, 78, 17931- 17936

Strauss, E., Sherman, E.M.S., & Spreen, O. (2006). A Compendium of Neuropsychological Tests: Administration, Norms and Commentary (3rd ed.). New York: Oxford University Press.

 

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