Quis esta placa algures no distrito de Santarém inspirar-nos para o artigo de hoje. Aqui entre nós, reparar na toponímia portuguesa pode ser um exercício assaz interessante, e por sinal, muitas vezes cheio de ilações…! :)

“Ter-se bem” ou tratar-se em conformidade, ser gentil consigo mesmo à primeira vista parece ser muito simples, de tão óbvia a sua importância para o curso das nossas vidas. Porém, mesmo sendo uma atitude tão determinante para o bem-estar e para a saúde em geral (nossos como daqueles que nos rodeiam), é ainda – apesar da sua simplicidade – uma tarefa para muitas pessoas difícil de praticar. As demandas e exigências do mundo moderno traduzem-se muitas vezes em “stress” auto-imposto, acrescido de um mordaz sentido crítico face a nós mesmos, de juízos de valor à força bruta e julgamento exacerbado.

Para além disso, no caminho das nossas vidas experimentamos o sofrimento, perdas e decepções que põem à prova e incitam, sobretudo nesses tempos difíceis, a esse senso auto-crítico duro e por vezes até violento connosco mesmos ( “que estúpido que sou!” ou “mas porque é que isto só me acontece a mim?!” ou “também eu queria muita coisa mas não posso!”, etc., you feel it?! ;) ) Sem se aperceber, uma pessoa, através deste tipo de diálogo interno ou discurso exterior, estabelece uma forma nociva de se relacionar com ela própria.

Exercício para hoje, pode ser? :) Que frases ou ideias eu vou repetindo continuadamente? Sim, sobre si ou sobre os outros… O que é que eu penso verdadeiramente em relação a sentir-me merecedor de coisas boas?... Que julgamentos faço ou que sentimentos secretos cultivo em relação às pessoas que estão ou aparentam estar “de bem com a vida”?... Estou a crescer/realizar-me com a vida que levo e mantenho? Como é que eu estou a lidar com as mudanças e a passagem do tempo?...

Tratar-se bem, ter-se bem, ser gentil e compassivo consigo mesmo, antes sequer de ser uma acão, é uma atitude que pode decidir a sua vida. Decidindo cultivar as sementes que moram em si, como um jardim…

Nos momentos difíceis por que todos passamos, cuidar de si mesmo pode ser a alternativa ou o passo entre levantar-se ou cair. Entre parar ou continuar. Ser amável e compreensivo consigo próprio não é sinónimo de ser auto-indulgente ou auto-centrado. Ser gentil connosco mesmos vem de reconhecer a nossa humanidade de base, essencial e comum, estando cientes das nossas vulnerabilidades mas ao mesmo tempo respeitá-las. Tendo a necessidade de nos tratar tão bem quanto àqueles que mais amamos ou que são preciosos para nós, ou seja, reconhecendo que não somos nem superiores nem inferiores a ninguém, mas semelhantes. Fazemos parte uns dos outros e de toda a vida.

As evidências científicas estão aí, a toda a hora, a comprovar aquilo que muitos de nós provavelmente já supunha... Que os benefícios da bondade pessoal (ter-se bem, tratar-se bem!) dão saúde, anos de vida e fazem crescer. As pessoas que se têm bem tratam melhor os outros, para além de que mal conhecem ou ouviram falar desses “bichos papão” dos tempos modernos: ansiedade, depressão, raiva, etc. Pelo contrário, têm um elevado ‘QI” emocional.

Quando somos muito críticos de nós mesmos mais tendemos a adoptar essa postura perante os outros, quer o percebamos quer não. Da mesma forma, quanto mais bonomia e tranquilidade transmitirmos aos outros mais portas abrimos para que estes tenham a mesma atitude para connosco, impactando positivamente os nossos relacionamentos interpessoais.

Observe com cuidado quais são os seus erros ou dificuldades em abrir espaço para criar empatia com aqueles que o rodeiam. Aliás, pode querer bem aos outros quem não se quer bem a si mesmo?