Mais de uma vez as pessoas, sobretudo jovens, perguntaram-me até que ponto a timidez pode ser considerada “normal”.
O conceito de normalidade é bastante relativo, por isso deve ser discutido com muito cuidado. Um parâmetro que considero interessante é o sintetizado na sigla FID, pois fornece pistas sobre o quanto um determinado desconforto afeta a vida da pessoa, conforme pode ser verificado na Figura 1.
Figura 1: Elementos que compõem o parâmetro FID.
Algumas pessoas são mais extrovertidas que outras, mas todas tendem a sentir timidez em situações novas ou inusitadas. Inclusive, alguma timidez pode ser importante, uma vez que funciona como um “regulador social” para evitar excessos que transformariam o convívio social em um verdadeiro caos.
Seguindo o parâmetro FID, a timidez pode ser considerada “normal” até o ponto em que não é frequente, intensa e duradoura o suficiente para:
fazer com que o indivíduo perca o controle emocional em situações sociais;
levá-lo a evitar tais situações a sempre e a todo custo;
acarretar prejuízos significativos aos relacionamentos afetivos e/ou profissionais.
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Quando os limites do FID são ultrapassados, a timidez se torna patológica e, dependendo do caso, pode ser diagnosticada a fobia social. Esse transtorno faz com que a pessoa evite a maior parte das situações que exijam exposição social: comer em restaurantes, usar casas de banho públicas, frequentar praias e piscinas, etc. A simples iminência de ser submetida a tais situações faz com que o indivíduo apresente sintomas como tremores intensos, sudorese, taquicardia, náuseas, formigamentos, desconforto abdominal, dentre outros.
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Nesses casos, a ajuda de um profissional se faz necessária, pois os prejuízos trazidos pelo quadro são avassaladores. Dentre eles podemos citar:
a falta de habilidade para fazer amigos, acarretando um círculo social extremamente reduzido;
o pouco traquejo para encontrar parceiros amorosos, levando ao início tardio da vida afetivo-sexual;
dificuldade em apresentar seminários no colégio ou universidade;
incapacidade de apresentar opiniões ou sugestões em reuniões de trabalho.
Muitos, como se não bastasse o sofrimento desencadeado por tais situações, envergonham-se por não conseguirem, sozinhos, vencer a fobia social, o que faz com que adiem a busca por ajuda especializada. A pessoas nessa situação eu gostaria de dizer que:
“A busca de recursos que possam promover a melhoria da vossa qualidade de vida não é sinal de fraqueza.
Pelo contrário, é uma busca legítima e indício de muita coragem. Pense nisso!”