Pode-se dizer a adolescência é uma fase complexa e turbulenta. Nos deparamos com uma imensa gama de incertezas, inseguranças, mudanças de conceitos, mudanças físicas, mental e muitas vezes social. Isso tudo adicionado a cobranças da família, que exige uma determinada postura, além das influências do meio externo.

É necessário que o jovem seja levado a sério. Sabemos que todos nós temos pontos negativos e positivos, qualidades e defeitos. Tudo isso é absorvido pelo jovem de muitas formas, de acordo com a estrutura psíquica de cada um. Tal estrutura, está ainda em formação e organização sujeito a conflitos e instabilidades. Os estímulos externos são responsáveis pelas modificações, danos e ganhos para essa estrutura.

Sendo assim, podemos falar de uma doença que vem assombrando famílias e destruindo vidas promissoras. A depressão tem se manifestado em jovens com efeitos devastadores. Especialistas acreditam que essa doença pode ser a causa básica de distúrbios alimentares, doenças psicossomáticas, transtornos de aprendizagem e do abuso de drogas.

Segundo o Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA , jovens gravemente deprimidos têm grande tendência ao suicídio. Muitas mortes consideradas acidentais podem ter sido suicídio. Não tratar os conflitos e sintomas dos adolescentes é brincar com o perigo. Essa negligência tem colocado toda uma geração em risco. O adolescente enfrenta pressões bem mais intensas do que os pais imaginam.

Desde o início do século XX , é notório que as sucessivas gerações vivem em maior risco que seus antecessores de sofrer uma grande depressão. Não só a famosa tristeza, mas uma apatia paralisante, desânimo, transferência da dor psíquica para o corpo e conseqüentemente, pena de si mesmo. Episódios como estes vêm iniciando em idades cada vez mais baixas.

Escreve a médica psiquiatra Dra. Katleen Mc Coy em seu livro -- Entenda a depressão do seu filho adolescente (Ed. New York: Perigee, 1994) : '' Os adolescentes hoje sentem - se menos seguros, menos confiantes e menos esperançosos do que nos sentíamos uma geração atrás''.

Mas afinal quais são os sintomas? Quais as causas? Como fazer para ajudar os adolescentes deprimidos?

De fato nem sempre é fácil reconhecer os indícios da depressão. Todo jovem passa por momentos tristes, dorme horas a mais que adultos e apresenta o que os pais costumam chamar de ''preguiça''. Atenção! A tristeza é uma emoção normal e saudável; a depressão é doença. O desafio é entender e reconhecer a diferença. O grau de intensidade das aflições e a duração dos sentimentos negativos é que irão apontar a existência ou não da doença.

O Dr. Andrew Slaby -- psiquiatra e cientista -- descreve a doença da seguinte maneira: '' Imagine a pior dor física que você já sentiu , dor de dente ou queimaduda, multiplique por dez e retire a causa: talvez se aproxime da dor causada pela depressão.

O jovem que não demonstra sinais de se consolar ou de voltar à rotina uma semana após a ocorrência de tristeza, independente da razão, ou seis meses depois de grande perda pessoal, pode desenvolver um distúrbio depressivo. Não é um critério para diagnóstico, porém merece atenção dos familiares. Além disso existe os sintomas mais clássicos: isolamento, distúrbio do sono, falta de apetite, comportamento auto-destrutivo, queda no rendimento escolar, entre outros.

Em geral, a depressão não é causada por um único fator, mas por uma combinação de fatores estressantes. As mudanças físicas e emocionais resultantes da puberdade geram insegurança e medo. Rejeição pelos colegas da escola, as primeiras experiências românticas, mudança de escola, cidade ou país. Divórcio ou atitude dos pais também entram como causas mais comuns desencadeantes de episódios depressivos.

É comprovado cientificamente que componentes genéticos ou hereditários são facilitadores da manifestação da doença. Assim como transtornos neurológicos ou desequilíbrio bioquímico. Adolescentes com déficit de aprendizagem tendem a uma baixa auto- estima quando não conseguem acompanhar os colegas e podem deprimir.

São inúmeras as combinações de causas da doença. Está claro que jovem deprimido precisa de ajuda. Porém estes não conseguem sozinhos. Primeiro, um adulto deve reconhecer o problema e levá - lo a sério. Essa é a parte mais dificil. Muitas vezes os próprios pais ou o responsável precisam de orientação e tratamento. A melhor forma de ajudar ainda é o diálogo entre pais e filhos. Ouvir o que ele está sentindo , qual a real motivação dessa ''dor'' tão difícil de ser descrita mas que naquele momento passa pela perda ou falta de algo muito importante. Se o apoio da família não for suficiente para contornar a doença, deve - se recorrer a um profissional da saúde para cuidar do caso adequadamente.

Nos dias de hoje não podemos nos dar ao luxo de ter preconceitos ou optar por ignorar o problema. Doenças psiquiátricas são cada vez mais comuns entre a população e evoluem quando não tratadas.