Uma situação de risco para as empresas, na qual o alerta vermelho emite seus sinais por meio dos relacionamentos conturbados, está, na maioria das vezes, nas falhas de comunicação do seu pessoal.

Muitos dos problemas existentes numa organização podem ser oriundos da falta de comunicação ou das distorções nela contidas, tais como o re-trabalho, que pode ser evitado se as funções de cada colaborador forem informadas minuciosamente, cabendo sempre a sua atualização, dadas as mudanças cotidianas, através de novas comunicações; de liderança para seus subordinados e entre os próprios colegas. Outro exemplo é o clima que impera em determinados ambientes onde as "panelas" disputam entre si o poder, e acaba imperando um jogo silencioso, causando mal-estar constante. A liderança finge que nada está acontecendo e permite que a situação se mantenha desta forma, por vaidade ou simplesmente pela inabilidade em administrar este bicho de sete cabeças que emudece e faz calar cada vez mais, provocando, de forma crescente, uma animosidade entre os funcionários, que acabam por sentir-se desamparados e ansiosos pelo risco do imprevisível que a situação provoca. O estado de tensão constante provoca um aumento de estresse, desencadeando vários comportamentos, incluindo-se os bate-bocas tão comuns, rotatividade profissional, além do desestímulo em ter de acordar diariamente e se dirigir ao local de trabalho e não produzir como fora outrora. A falta de comunicação mantém o estado de alerta e não viabiliza os ajustes necessários para a sua remoção.

Um fato importante a ser lembrado é que constantemente estamos nos comunicando por variados meios além do verbal, tais como as expressões faciais, postura, escrita, etc. Ao nos expressarmos entramos em contato com o mundo, que nos devolve o que achou de nós, e assim nos constituímos a partir das impressões externas e sobre o refletido internamente (variando conforme cada tipo de personalidade). Caso encontremos dificuldade em manter estas atividades importantes de nossa personalidade, criaremos um mal-estar em nós, que em qualquer momento se insurgirá, não agüentando tal obstrução.

Situações como estas, e muitas outras, ocorrem com freqüência nas empresas, e podem gerar uma ruptura ainda maior entre as suas divisões, departamentos e de pessoa a pessoa, o que influenciará diretamente na produtividade e nos resultados, exemplificado no fluxo interrompido de informações internas entre os setores da empresa e externas, junto aos fornecedores, levando a um gasto superior (coisa evitável se houver previsão e comunicação de demanda, planejada momento a momento), e conseqüentemente, impedindo o direcionamento do capital para outros pólos prioritários, como o investimento tecnológico ou humano, quiçá em muitos casos, na própria sobrevivência.

Ao abordar a questão humana temos em mente o aperfeiçoamento ininterrupto, e, sobretudo, a qualidade de vida deste profissional, seu bem-estar. Então, nos deparamos com a já conhecida situação de convivência humana fragmentada pelas falhas de comunicação existentes, levando-nos a buscar as soluções mais apropriadas para esta finalidade.

Para melhor evidenciar este cenário de desarranjo interpessoal, lançamos mão da pesquisa de clima, que abre portas para a expressão e compreensão dos anseios ou satisfações dos colaboradores. Tais resultados podem apontar sintomas da "doença" presente no corpo empresarial, e deve ser interpretado o mais imparcialmente possível, para abstrair o essencial e relevante na detecção dos fatos. Isto posto, nos atemos em equacionar os entraves levantados, montando para isso, um planejamento de ações corretivas, nas quais, todo o pessoal deverá estar envolvido, iniciando-se pela devolutiva da pesquisa feita. Cônscios do mal que afeta individual e coletivamente, os colaboradores passam a ter certo alívio, a medida em que compreendem mais claramente a porcentagem de participação nas causas geradoras dos problemas diários de relacionamento e sentem-se motivados em atacá-las para recuperar ou aprimorar o seu nível de convivência e comunicação.

Algumas estratégias podem ser utilizadas conforme cada caso, a exemplo das dinâmicas de grupos com foco na construção grupal, nas vivências situacionais de liderança, no exercício da comunicação, no estimular a participação de cada colaborador nas reuniões e coleta de sugestões para melhoria e solução de problemas.

Outra forma de trabalhar com esta demanda são as palestras, onde é possível apresentar quadros de funcionamento a respeito de liderança, entrosamento e formação de equipe e seus resultados superiores, além de apresentações feitas a partir das possibilidades da própria empresa, demonstrando as recompensas atingíveis quando a união e a harmonia estão presentes.

Uma ferramenta interessante e atraente é a utilização de filmes que contenham situações equivalentes às questões em pauta. Assisti-los e levantar os pontos-chave neles encontrados faz refletir e ponderar acerca de si mesmos. Uma roda de discussão com propósito sério em resolver os seus problemas pode ser de vital importância.

Dependendo, a combinação entre os instrumentos estratégicos deve ser levada em conta, e, sempre, procurando avaliar os resultados obtidos. O pessoal acaba comunicando sobre os efeitos obtidos e também da necessidade de se continuar ou não as atividades de treinamento.

Problemas de comunicação devem ser avaliados sempre, gerando o hábito de impedir o seu retorno, mantendo livre a expressão de cada membro, criando canais de manifestação (jornal, rádio, correio internos, reuniões), realizando pesquisas de clima, propondo encontros de treinamento que antes de ser profissionais são humanos e dizem respeito à esfera gregária de nosso todo.

Ao tratar da comunicação estaremos solucionando, em muitos casos, antigos e persistentes problemas, que podem dar lugar a pessoas e ambientes mais leves e motivadas, proporcionando mais e melhor de si, com produtividade e desenvoltura de quem percebe que é possível crescer e gerar crescimento conseqüente.