Para a 1ª fase do exame de Psicologia do 12º ano (05/07/2005) inscreveram-se
44.363 alunos. Este número de inscrições foi apenas ultrapassado pelos
candidatos aos exames de Português, Matemática e Biologia – em todos os outros
exames de disciplinas do 12º ano, o número de inscritos foi menor.
No entanto, em Portugal continua a ser vedada a possibilidade aos licenciados em
Psicologia de darem aulas de Psicologia!
Actualmente podem leccionar aulas de Psicologia, licenciados em Filosofia ou
História, cursos que não têm qualquer disciplina da área de Psicologia nos seus
curricula. No entanto, a classificação do exame desta disciplina é considerada
como prova de ingresso no acesso ao ensino superior em vários cursos superiores.
Se numa turma do 12º ano as aulas de Psicologia forem dadas segundo o método
expositivo, seguindo apenas o manual escolar e cujo professor não souber
responder a questões que ultrapassem o programa da disciplina, se os alunos se
desmotivarem e forem mal preparados para o exame, de quem é a culpa?
Do professor que foi “obrigado” a dar uma disciplina cujos conteúdos não domina
(actualmente no curriculum dos diferentes cursos de Filosofia não consta uma
única cadeira de Psicologia) ou do Ministério da Educação que arrasta este
processo há anos?
Nos últimos anos foram criados os grupos disciplinares de Informática e de
Espanhol, porém o de Psicologia continua por criar…
Se todas as ciências surgiram do pensamento filosófico, hoje será
incompreensível um licenciado em Filosofia poder dar aulas, por exemplo, de
Matemática, Física, ou Ciências Naturais. Porque é que ainda hoje pode continuar
a dar aulas de Psicologia?
Se os professores de Filosofia (licenciados já há mais anos) ainda tiveram duas
cadeiras de Psicologia no 1º ano da sua licenciatura, o mesmo não acontece com
os novos licenciados.
Por outro lado, a disciplina de Psicologia tem vindo a ser cada vez mais
procurada pelos estudantes: este ano lectivo mais de 30% dos candidatos da 1ª
fase aos exames, inscreveram-se a esta disciplina. Também, as sucessivas
reformas do ensino secundário têm vindo a dar a esta disciplina maior
relevância. Assim, por exemplo, há 20 anos, apenas os alunos da área
científico-natural podiam ter a disciplina de Psicologia, durante um ano e como
frequência optativa.
Actualmente na reforma do ensino secundário, que entrou em vigor em 2004/2005, a
disciplina de Psicologia é de frequência obrigatória nos cursos tecnológicos de
Desporto e Acção Social nos 3 anos lectivos (10º, 11º e 12º anos) e é disciplina
optativa no 12º ano, para todos os alunos que frequentem os diversos cursos
científico-humanístas do ensino secundário.
Os alunos do ensino secundário têm direito a ter aulas com qualidade, com
professores que dominem as matérias que leccionam – a disciplina de Psicologia
deverá poder ser dada por Psicólogos.
Ana Baio
Psicóloga, Comissão do Ensino e da Educação do Sindicato Nacional dos
Psicólogos