Nas pesquisas envolvendo educação, muito se tem visto, revisto e questionado. Os sistemas de avaliação, os métodos e filosofias adotadas nas instituições, o olhar para os educandos, as funções e posturas dos professores e coordenadores, o currículo, o espaço pedagógico, tudo isso tem sido observado e redimensionado. E é importante que seja assim.

Mas há questões mais subjetivas, e nem por isso menos abrangentes, que têm sido negligenciadas sistematicamente. Neste artigo quero chamar atenção para uma delas, que me parece de extrema importância e por alguma razão que desconheço nunca ouvi dizer que estivesse sendo debatida ou abordada como um problema.

Trata-se da desproporção visível entre a atuação de mulheres e homens nos ciclos iniciais de ensino (educação infantil e ensino fundamental). Esta desproporção não é fruto do acaso. Penso que é conseqüência de algo maior envolvendo padrões sociais e culturais enrijecidos e estabelecidos, que necessitam ser revistos.

Acredito que este desequilíbrio prejudica, mesmo que de maneira sutil para a maioria das pessoas, o desenvolvimento sadio e pleno das crianças.

Meu ponto de vista é de que a presença de homens atuando nos ciclos iniciais, ao lado das mulheres, pode trazer enormes benefícios aos alunos, às instituições de ensino e, conseqüentemente, à sociedade.

Parece-me que há uma “falta de interesse” dos homens em relação à educação, e especialmente em relação à profissão de professor. No entanto, considero esse desinteresse apenas aparente. Creio firmemente que há outros fatores cerceando a manifestação desta tendência nos homens.