Algumas pessoas têm pedido ajuda acerca do tema, seja para ajudar a si próprias ou muitas vezes para ajudar um colega, normalmente do trabalho, que apresenta essa patologia. Segundo dados do Ambulatório de Psiquiatria da USP, a cada ano, em média, um paciente cleptomaníaco procurava ajuda; com o início da novela América esse número tem aumentado consideravelmente. A personagem Haydée, interpretada pela atriz Christiane Torloni , tem trazido luz para vida de muitas pessoas que convivem direta ou indiretamente com um problema nem sempre compreensível para muitos.

Antes de mais nada é importante diferenciar furto de cleptomania. O furto normalmente é motivado pelo valor monetário ou pela utilidade que está agregada ao objeto. Já na cleptomania isso não acontece, os objetos que o cleptomaníaco “elege” não são necessariamente valiosos ou possuem utilidade. Os furtos do cleptomaníaco não costumam ser planejados e ele não tem ajuda de outras pessoas para agir, além disso, é importante destacar que a cleptomania não é um transtorno comum, apenas 5% da população que comete furtos é atingida, sendo a maioria mulheres. É preciso cuidar muito com essa diferenciação pois muitas pessoas que são pegas roubando, tentam simular o transtorno para evitar processos criminais. É muito diferente você ver um colega do seu trabalho levando objetos e utensílios da sua empresa para economizar e ainda se sentindo esperto por isso, do que você ver um colega roubando bobagens e sofrendo muito com esse comportamento.

Embora sejam poucas as informações sobre o assunto, existem sintomas que são comuns entre os cleptomaníacos. Quem sofre desse problema tem um sentimento crescente de tensão antes do furto e sente um enorme prazer, satisfação e principalmente alívio ao cometê-lo, segundo algumas pessoas é como se ocorresse uma descarga emocional, às vezes o indivíduo coleciona os objetos simplesmente ou os devolve de maneira discreta ao dono.

A cleptomania costuma ter como ‘pano de fundo’ a depressão e pode estar associada a outros transtornos como os de humor, alimentares e de ansiedade. Normalmente o perfil de um cleptomaníaco é de uma pessoa muito carente de afeto e atenção e o processo costuma iniciar na infância. Devido a isso os pais devem prestar muita atenção já na fase pré-escolar aos pertences dos filhos, pois quando a criança se sente carente por algum motivo, pode ‘compensar’ na tentativa de repor o amor que julga consciente ou inconscientemente não estar recebendo. Nessa hora é fundamental conversar com o filho, explicar a gravidade e as conseqüências da atitude do furto e, principalmente, avaliar se pode estar havendo um déficit de amor e atenção na relação. Quando um cleptomaníaco rouba um objeto ele está na verdade tentando roubar o afeto que está inserido naquele objeto, é como se o carinho que o proprietário tem pelo bem pudesse ser transferido conjuntamente com o mesmo, assim, na hora do furto, além do objeto viria o afeto.

O tratamento tanto para crianças quanto para adultos e idosos é a terapia, e em alguns casos a utilização de antidepressivos pode ajudar. No entanto é preciso que o cleptomaníaco tenha muita força de vontade, primeiro para assumir para si mesmo que precisa de ajuda, que tem um problema, para depois então procurar ajuda. Nessa hora é bom lembrar do pensamento de um autor desconhecido que diz: “Educar não é cortar as asas: é orientar para o vôo”; e é isso que o cleptomaníaco tem que entender, que essa mesma energia que o move para o furto, pode ser utilizada de uma outra forma, mais construtiva e harmoniosa.