Se sabemos e conhecemos, porque não partilhamos?

Escusar-nos-emos de abordar, aqui, as questões inerentes ao desenvolvimento, à importância, às vantagens da inserção das artes, das diversas formas de expressão, nas escolas, nos espaços educativos. É matéria, e domínio, sobejamente, conhecida de todos nós, educadores. Contudo, existem, de certo, questões, eventualmente, de ordem pragmática, que gostaríamos de discutir, de partilhar, de tertuliar.

No dia a dia, certamente, que somos confrontados com dúvidas, problemas que se prendem com esta temática.

De uma forma nada sistemática, tentaremos dar resposta a essas questões, a essas dúvidas.

Podemos começar por pensar o que se entende por Arte Infantil

Segundo o Dicionário das Ciências Humanas, é Actividade, Comunicação, Estética, Jogo, Criação. No Dicionário de Língua Portuguesa, da Porto Editora, lê-se Aplicação do saber à obtenção de resultados práticos (visíveis), Conjunto de processos, mais ou menos ordenados, para atingir um fim, ou seja, Técnica, Actividade que acrescenta algo à natureza, Actividade de produção de coisas belas, Ofício, Profissão, Modo, Forma, Habilidade, Talento, Dom, Astúcia.

Nós podemos entendê-la como forma de expressão/criatividade, podendo assumir diferentes formas:

Neste sentido, toda a actividade humana, infantil ou qualquer outra, pode ser perspectivada como arte.

Não falamos nós em arte de cozinhar, costura com muita arte, movimenta-se ou gesticula ou fala com muito engenho e arte?

Verdade é que o linguajar (linguarejar) popular tem muito conteúdo académico, que se revela, parece, verdadeiro. No mínimo, oportuno. Pelo menos, é essa a nossa leitura.

Assim, julgamos necessário a potenciação e o permitir e fomentar as actualizações de todas as formas de expressão. Há que saber incentivar e enquadrar as actividades escolares, e educativas em geral, que podem ser arte, com todas as outras formas de expressão, que, geralmente, entendemos por forma de expressão livre, e essas, sim, catalogadas e com estatuto de arte.

A arte não pode ser aglutinada ao belo, ao bem feito (não sabendo nós, sequer, o que isto pode ser,…). Estas expressões estão embuídas de inferências, de juízos de valor, que não nos parecem lícitas, ao nível, por exemplo, da infância.

Podemos apreciar, gostar ou não de uma obra de Salvador Dali. Aceitamos ou rejeitamos. Com a infância, consideramos pouco desenvolvente e aceitável inibir a criação, a partir das nossas valorações.

Há que encorajar e incentivar os actos criativos. Este é o primeiro passo.

Com o tempo, cada um irá desenvolver o estilo, que poderá ser do agrado de uns ou do desagrado de outros.

Enquanto educadores, não temos o direito de castrar. E ao seleccionarmos ou julgarmos, estamos, forçosamente, a fazê-lo.

Então, que fazer?

Podemos, devemos,…

Há que fazer interface, a ligação destas actividades, geralmente, consideradas as mais lúdicas, as hipotéticas ou verdadeiras actividades artísticas, com o curriculum escolar, ou seja, as preconizadas ou aventadas nas orientações curriculares, em estreita colaboração com os pais, comunidade, interescolas. Enfim, uma revitalização ou revisitação cénica ou dramática, trabalhada dentro do orbe pedagógico que, pela sua interdisciplinaridade, insira a criança no seio da vida real que a envolve.

O processo ensino-aprendizagem é, e tem que ser, um processo dinâmico, hierárquico, afeiçoado à dinâmica local, com um fio condutor lógico e articulado à realidade mesológica, ecológica, contextual, relacional.