Ao elaborar este trabalho ficou difícil decidir se escreveria para os pais, profissionais ou adolescentes. Acho que este trabalho é um alerta para todos, e creio eu, cada qual saberá receber o alerta, fica assim difícil determinar.

Ser adolescente é bom mas é ruim e muito ruim!!! De um lado já são independentes??? Será??? Cobra-se uma postura  adulta, “vc não é mais criança, o que é isso”? Do outro vc ainda não tem idade pra fazer isso ou aquilo e o pior vc é DEPENDENTE.

Esta é a idade mais conturbada de nossas vidas. Os questionamentos são inúmeros o que fazer? Que atitude tomar, como se comportar???

E então surge a exigência da carreira a ser seguida, se vc ainda nem se descobriu como uma pessoa, um individuo, e ja decidir a melhor profissão, que caminho tomar???

 

Vamos fazer uma evolução da história da humanidade para a nossa real compreensão; e de onde surgiu este termo ADOLESCÊNCIA.

 

Nos séculos XIV, XV e XVI; as crianças eram consideradas mini-adultos; cooperavam no trabalho para sobrevivência, haja vista que a mão de obra adulta era escassa, ou seja, não tinham infância.

No século XVII e XVIII, com o advento do capitalismo, a mão de obra excedia, havia  produção em massa, surge então a classe da Burguesia, compondo-se assim a família com os literatos burgueses, pai, mãe e filhos, que ao invés de trabalhar, tinham que ser educados, cuidados, e esta educação era muito protegida.

A partir daí a criança adquire o real caráter de infância, frágil, ingênua, instituindo-se assim uma nova visão; mentalidade.

No final do século XIX a educação é ampliada; surgindo então uma diferenciação nas idades do desenvolvimento humano, a maturidade, virilidade, sexualidade, que vai sendo percebida nas diferentes idades.

 

A partir dessas descobertas começa-se a instituir um novo grupo de idade com características próprias, descobre-se então a segunda fase do desenvolvimento humano; a PUBERDADE, que é da natureza do ser humano, esta que é a fase do desenvolvimento após a infância, grandes transformações acontecem, físicas, hormonais, psicológicas, a Puberdade é um conceito Biofisiológico, é a época da maturação sexual, são esses homónimos que afetam diretamente no desenvolvimento do adolescente.

 

Os hormônios do crescimento que tanto os afeta, pois é um crescimento assimétrico, causa um grande desconforto para o adolescente ocorre então o que chamamos de PERDA DA IMAGEM, ele tem que se adaptar a nova representação mental do corpo; imagina como é difícil!!! O corpo perde sua dimensão do espaço físico, já não é o mesmo da infância, e como é complicado fazer esta reorganização mental, que segue sendo construída até o final da puberdade quando deixa de ser adolescente e passa a ser um adulto, ou seja, quem sou eu, eu mudei, como me comportar, o que esperam de mim???

Estão sempre reclamando que o adolescente é um “estabanado”, vai passando e derrubando tudo, como é repreendido, mas nada mais lógico se não assimilou, registrou suas proporções como não ser estabanado, e ele não tem noção onde e quando isso vai parar, aliado a tantas descobertas e sensações, desejos novos, conscientes, sexualidade, busca de prazeres, quantas angústias que traz!!!

 

Até esta fase predomina a bissexualidade psíquica, e deparam-se nesta fase com a grande dor do ser humano, com a chegada da hora de uma posição a ser tomada. Todos os seres humanos possuem seu lado masculino e seu lado feminino, a bissexualidade humana, mas claro que cada qual segue, escolhe suas preferências sexuais, mas isso gera muita angústia, pois esta definição é cobrada na adolescência, e temos que nos ater e saber que esta definição nada mais é do que o reflexo da história de vida de cada um. Quando crianças, vemos por exemplo o pai como um “herói”, a mãe como a “fada”, mas é na adolescência que realmente formamos as opiniões e podemos discernir quem é quem, criar a nossa história de uma outra visão, daí tantos conflitos, nos deparamos com tantas realidades e os heróis e fadas se transformam e nos revoltamos, por exemplo um adolescente dirige sem cinto de segurança, pois ele passa a ser o herói, o questionador e o todo poderoso que já sabe e pode tudo e vive perigosamente sempre se arriscando pois já sabe tudo, é dono do seu nariz.

 

Vale ressaltar aqui uma interessante teoria do nosso querido Sigmund Freud, pai da psicanálise, que caracterizou a fase da puberdade como “As transformações da Puberdade resultam em atingir a genitalidade, completar a escolha de um objeto de amor sexual não incestuoso como qdo criança, a fase Edipiana (amor do menino pela mãe, e da menina pelo pai), é a grande transformação do Amor Sexual em amor Terno”.

 

Nesta fase temos que estar muito atentos pois são fases de grandes perdas, LUTOS, reação às perdas, há uma grande valorização afetiva, onde estão envolvidos, o eu, o objeto, o outro, nos envolvemos fazemos vínculos, o objeto se investe de representações. Este luto traz dor, perda de interesse pelo mundo exterior, perda da capacidade de amar substituindo o objeto perdido, o ego é afetado, daí o grande número de adolescentes que fazem uso de anti-depressivos sem uma avaliação prévia  bem conduzida, qdo não partem para as drogas pesadas para livrar-se de sentimentos tão dolorosos que não são capazes de lidar e que estão mau direcionados; como eu diria atualmente, sem mãe nem pai, vivem largados.

 

Ao perder um objeto investido, vc não se interessa por nada, a menos que tenha algo para substituir o perdido, enquanto não fizer um trabalho mental, e isso requer retirar suas energias obtidas ali, você não poderá se interessar por outra pessoa, e onde estão esses “pais” nesta hora???, é preciso conduzir a situação, ver a necessidade de uma ajuda as vezes externa, muito amor, o adolescente as vezes precisa ser auxiliado por um profissional especializado para auxilia-lo a se desconectar, recolher essas energias para busca-las outra vez, tudo está ali dentro dele e o que o levou a este estado o pq, a causa, é preciso descobrir, pois só erradicando a causa, e fortalecendo esse ego ele é capaz de redirecionar as energias para outro objeto e sair do tão doloroso LUTO.

 

E se analisarmos melhor a adolescência é a idade dos lutos: luto pelo corpo infantil, luto pela identidade infantil, luto pelos pais como eu os via na infância e agora os defino realmente, luto pela bissexualidade infantil e agora me cobram uma definição.  

 

O que eles, adolescentes desejam de imediato é colinho, muito colinho de mãe, de pai, pois ainda não estão preparados para enfrentar este mundo, um mundo que ainda nem conhecem...

È na adolescência que começam a definir a personalidade, através do que herdam de sua história de vida e iniciam um árduo processo de definição do traçado do seu caminho como pessoa, sexual, vencer tdas essas barreiras, os torna irritativos, questionadores de tudo e de todos, pois imaginam pelo que lhes é exigido que tudo sabem melhor que ninguém. Como ouvem “você é o mais velho você tem que ceder, você ainda não pode fazer isso porque você não sabe” que mensagens dúbias e enlouquecedoras se deparam.

 

O mundo avança, tudo anda muito depressa, é muita informação ao mesmo tempo, muita “liberdade” mas tão cerceada, o que fazer com tudo isso???

Será que tudo caminhou mto rápido, mais rápido que o ser humano é capaz de absorver e se adaptar???

Muitos têm que adaptar-se a novas “mães”, novos “pais”, pessoas absolutamente estranhas e que de repente invadem seus espaços e chegam querendo ocupar o lugar deixado por um dos dois na separação, que confusão!!!, sem contar com esses “pseudo irmãos” que invadem seus quartos, querem dividir espaço, atenção e tudo que só era meu, minha mãe que tanto necessito para um colo, um diálogo, chega morta do trabalho têm agora os meus, os teus e os nossos e eu, onde fico???

Aí chega aquele que acha que sabe tudo e me aconselha o mais errado possível e eu vou pois estou sem saída.......

Aí mora o perigo!!! Como é fácil resolver tudo com drogas, que às vezes começam pelas mais simples e podem chegar as mais pesadas. É um caminho que está sempre à disposição atualmente, onde quer que seja, e que qualquer quer um hoje aconselha; mas as vezes a volta é quase impossível ou realmente impossível.

Atualmente os jovens bebem sem limites, e desde a pré adolescência como chamamos, entre 11 e 13 anos, não há limite de idade, mas isso nos leva a concluir a total insatisfação dos mesmos e o que mais existe de doloroso para eles, que eles tanto não querem ou não conseguem enfrentar.

Por um lado o sexo tornou-se livre, todo mundo “transa com todo mundo”, e aí qual é a menina que eu devo namorar e ter um relacionamento afetuoso ou seja, fazer verdadeiramente AMOR??? Que grande confusão qtos questionamentos, tanta liberdade, e o que fazer com ela.

A infelicidade é total entre eles e daí a enorme insegurança.

 

Se eu, terapeuta especializada em adolescentes, dependentes químicos e familiar, pudesse formular uma “fórmula” e vão me perdoando a redundância, diria que as mulheres, nós que atualmente desempenhamos tantos papéis e todos tão importantes, profissionais, donas de casa, administradoras do lar, responsáveis financeiras, e sobretudo MÃES, não nos esqueçamos da última; tentar abrir o coração para os filhos, muito amor, e o mais importante, permitir aos filhos que eles errem, pois é errando que aprendem, mas nunca esquecer de não criticá-los em seus erros mas transformar os mesmos em experiências de vida. Entende-los muito, mas muito mesmo; e abrir espaço para que eles possam sempre contar com vcs por pior que seja o problema, tentar chegar-se à eles para ajuda-los, compreendê-los, e sempre repetir pois as palavras têm uma força maior, “não mintam,pois por pior que seja o problema sempre juntos acharemos uma solução”, falar de igual para igual nessas situações. Tentar eliminar a mentira, entender que o filho(a) já cresceu e o diálogo mudou e que ele já tem autonomia pra sair, viver e que tem que viver suas experiências e estimular a não mentira.

 

Não importa o seu relacionamento; se é casada ou separada, ou vive com outro; o importante é que seus filhos tenham contato com o verdadeiro pai e tentar encaminha-los para esse relacionamento apenas como o pai e não seu ex, pois quando falo em exemplo é que costumamos colocar nossas frustrações no relacionamento pai-filho, e aí prejudicamos tudo.

Não poderia jamais deixar de alertar os pais, que como estamos numa veloz evolução, onde o mundo globalizou-se e através das máquinas o acesso a tudo é muito fácil e veloz, e a comunicação é basicamente virtual; enquanto pais devemos sempre estar próximos a tudo isso e conscientes; do sedentarismo e conseqüências, isolamento e informações que nem sempre são fidedignas mas estão ao alcance de todos.

 

É difícil, mas a maior receita é: UM GRAAAAAAAAAAANDE AMOR E COMPREENÇÃO!!!

Vale a grande ressalva; ser amiga na hora de ser amiga, mas nunca esquecer-se de ser mãe, assim como ser pai e nem sempre amigo, dar o exemplo, o limite pois só aprendemos os limites certos dentro de casa; já que a vida é cheia de limites, o caminho certo é aprende-los em casa pois na rua é muito mais difícil, e como enfrentar a vida, as frustrações se não nos é vetado nada???

É desde criança que o nosso papel de pais é prepararmos esses pequenos seres para os futuros adultos, e quão importante é sempre mostrar que há limites para tudo, mas mesmo nessa hora,  com carinho o que tivermos que mostrar será aprendido com muito mais força e ficará sempre ligado a algo que foi dito de uma maneira prazerosa, acompanhada de amor, e o registro sempre será melhor.

 

Já que até aqui falamos muito do relacionamento dos pais e adolescentes, e expliquei um pouco tudo que se passa nesta fase, gostaria de finalizar, explicando as várias e árduas FASES QUE O ADOLESCENTE ENFRENTA, para fazer um grande alerta aos pais da dificuldade em que eles vivem e para que os pais, hoje adultos, entendam o que foi a vossa adolescência e assim possa compreende-los melhor, já que entendendo o que já passaram poderão chegar muito mais perto dos seus “aborrecentes” e com certeza ajuda-los muito.

 

A síndrome normal da adolescência, apresenta características reconhecidas como sintomas, problemas são vistos como patológicos, porém não são, pois estão inseridos na passagem por esta fase, fazem parte dela; passa de um mundo antigo conhecido que dominavam totalmente, para toda uma novidade total, para o desconhecido, onde irão se inserir qdo adultos.

Durante toda a adolescência acontece refúgios no mundo que se foi, a infância, e daí retirarem forças para se lançar nesta nova fase, e assim investir nos novos aspectos e identificações do mundo adulto; as vezes se atêm a uma simples foto que traz tantas recordações; a escola, um aniversário, uma viagem.

 

Ele agora, adolescente, deixa de lado sua passividade, impotência e formula suas idéias e as defende, prepara-se para elaboração de suas teorias.

 

Como já citei mais acima ele é impulsivo, são grandes ATUADORES, apesar de grandes pensadores, na maioria das vezes, agem sem pensar, e então chega a hora de aprender que antes de agir temos que refletir sobre; atuação sem mediação do pensamento e reflexão; agem e depois vêem as conseqüências e ai sim refletem sobre suas ações.

O adolescente é impulsivo, onipotente, acha que nada vai lhe acontecer, está acima do bem e do mal; daí a necessidade de um limite uma diretriz, um controle, pois sem esse limite na adolescência, não poderá mais mudar na fase adulta.

 

É na adolescência que nos deparamos com as primeiras independências, poderes, como por exemplo ganhar um automóvel; mas que independência é essa se ele sòzinho não pode bancar o carro??? Daí a grande dualidade que mais uma vez eu ressalto, independência, oscilando com demanda de dependência e pede acolhimento; e é na família que devem encontrar esse acolhimento, onde devem receber os limites, cumprir com os deveres exigidos e obrigações, e assim até poderem experimentar as frustrações que fazem parte de sua estruturação, pois do outro lado relacionam-se com grupos, o mundo social, onde experimentam prazeres, limitam-se aos direitos, que será o intermediário entre a família.

 

Essa família de pais da infância, perfeitos, onipresentes, idealizados; na adolescência são desidealizados, e as relações objetais de amor que eram pelo pai ou pela mãe, transformam-se na busca do parceiro sexual; o processo é árduo para ambas as partes, sem contar com o eterno:  “O VELHO, NOVO E CONSTANTE E DIRIA ATÉ ETERNO CONFLITO DE GERAÇÕES “

MAS ACREDITE NÃO HÁ NADA QUE COM UM GRANDE AMOR NÃO SE CONSTRUA!!!!!!!!!!!!!!!