Longe vão os tempos em que ligar a televisão era sinónimo de escola e de aprendizagem. Na década de 80, para além do método de ensino tradicional e presencial que ainda hoje faz parte do modelo padrão de ensino, já assistia-mos ao inicio do que hoje denominamos de e-learning, que não era na altura mais do que uma forma de ensino à distância, embora muito limitativo do ponto de vista das acessibilidades e da interactividade. Era a chamada Telescola. Ainda assim tinhas as suas vantagens ao nível dos métodos de trabalho e da organização dos conteúdos.

Hoje em dia, em virtude de vivermos tempos conturbados de mudança, motivados por uma economia global de mercado, somos “forçados” a aprender cada vez mais e mais rápido ao longo da vida, por forma a mantermo-nos competitivos e a permitir-nos lidar com as rápidas mudanças no campo profissional.

Com o advento das novas tecnologias, mudou em parte a forma como vivemos e trabalhamos. A aprendizagem e o ensino, de uma forma geral não foi excepção. Se durante anos o ensino presencial foi respondendo aos desafios do mercado e foi fazendo parte da nossa cultura, hoje em dia caminhamos para uma forma de conhecimento que exige capacidade para lidar com situações e problemas em tempo real e que exigem respostas rápidas. É o trabalhador do conhecimento.

O trabalhador do conhecimento é aquele que gere as suas próprias competências recorrendo ou não a um tutor, e que se socorre das plataformas de ensino online para adquirir a todo o instante a informação e a formação necessárias à sua medida.

O e-learning como forma de ensino à distância recorrendo a uma plataforma electrónica e a conteúdos disponibilizados através da Internet, veio dar essa resposta. Embora em Portugal com uma expressão ainda algo tímida, representando pouco mais de 20% da formação total, está na realidade a ganhar expressão, face aos custos, rapidez de acesso e flexibilidade que proporciona, quando comparado com os métodos tradicionais.

As limitações tecnológicas que ainda hoje se verificam de uma forma geral no acesso por exemplo à Internet constituem barreiras ao desenvolvimento do e-learning, nomeadamente nas escolas e nos utilizadores individuais, mais do que no mercado empresarial, onde nos dias hoje mais de 500 mil empresas usufruem deste tipo de método de ensino. Apesar da existência de mais 1,5 milhões de utilizadores da Internet em Portugal, só cerca de 25% é que têm acesso a partir de casa com banda larga.

Ainda assim, existem projectos de sucesso que têm vindo a vingar gradualmente, no regime misto Blended Learning (Presencial e à distância) como é o exemplo da Dislógo na Univ. Católica, ou mesmo o Evolui.com, que é uma Empresa que possui um site de formação exclusivamente online actualmente com mais de 100 cursos disponíveis em diversas área. Futuramente a chamada “nanotecnologia” como o PDA, por exemplo darão luz a conceitos como m-learning (mobile Learning) e a televisão, com plataforma digital dará lugar, ao t- Learning, onde de facto o conhecimento estará disponível em qualquer lugar e a qualquer hora.

Penso que vencendo a barreira tecnológica no acesso à banda larga e à maior proliferação de pontos de acesso à Internet, assim como alguns preconceitos culturais e sociais relativos à eficácia e eficiência do e-learning, teremos as condições necessárias para progredirmos com sucesso na área da formação, sustentando-a à nossa medida contribuindo para um pais alinhado com a restante Europa neste domínio, evitando de futuro a chamada “e-exclusão”.

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