Sou homeopata há mais ou menos 20 anos, tive e tenho muitos pacientes que são psicólogos. A relação profissional que passamos a ter após a alta homeopática passa por um intercâmbio de pacientes, às vezes por vários anos.
 
Não sei o que se passa no campo conceptual do psicólogo, quando atravessa o corte epistemológico de seu saber para o da homeopatia, visto que são áreas indiscutivelmente afins.
 
Mas posso falar do que se passa no campo hermenêutico homeopático, que demanda como recomendável, durante e após a alta, a procura por um psicólogo.
 
De início, preciso esclarecer alguns fundamentos do campo homeopático.
 
A homeopatia tem a prerrogativa da diminuição da tendência do adoecimento humano.
 
Não é difícil entender, pois o próprio leigo absorve de imediato o fundamento principal, embora a percepção fique limitada pela falta de mais conhecimentos: “ o especialista disse que a homeopatia é boa para alergia “.
 
Por que isto é uma verdade bastante mais geral do que supõe a intuição de médicos e pacientes?
 
Porque a medicação homeopática insere uma informação na vitalidade constitucional do paciente, que provoca uma diminuição em suas hipersensibilidades (alergias).
 
Esta vitalidade constitucional é herdada e constitui o ser neuropsíquico e físico da pessoa, expresso em seu DNA e em suas reações globais características. Estas, quando desequilibradas, passam a se expressar com uma força desproporcional aos estímulos físicos e psíquicos, definindo então o que médicos e pacientes chamam de “alergia”.
 
A diferença é que a medicina convencional limita o conceito de alergia às hipersensibilidades físicas. O campo conceptual da homeopatia envolve toda a constituição como uma “ alergia física e psíquica ” aos estímulos, que são especiais para cada pessoa.
 
Por ocasião da alta, os pacientes diminuíram sensivelmente a intensidade e frequência de suas relações gerais, cuja exaltação era a responsável pelo aumento importante de suas tendências ao adoecimento. Neste ponto, o paciente conquistou o que chamamos de “ Condições de Cura” .
 
O tempo necessário para atingir o estado de “Condição de Cura”, neste paciente, é de 6 a 12 meses. Cada paciente precisa de um aumento da dose única do medicamento a cada 2 meses em média, para atingir o estado hipoalérgico que lhe permita reagir sem exageros, a suas idiossincrasias físicas e psíquicas.
 
O que significa esta condição de cura?
 
Neste estágio, o paciente diminuiu as reações egóicas. Torna-se capaz, então, de acessar o próprio inconsciente, cujas tramas ficam escondidas , porque o ser humano não suportaria seu sofrimento em estado puro,esteja ou não latente.
 
Esta capacidade de entrar em contato intimo com o próprio eu, cria a situação que permite a intervenção psicoterapêutica: o consciente só vê problemas para os quais o inconsciente viu alguma solução. A condição de cura, permite e até estimula a consciência da solução, sob a forma de admissão do problema.
 
Qual o papel do psicólogo neste momento?
 
A palavra insere também uma informação que mobiliza o conhecimento e a intuição na relação terapêutica.
 
O homeopata e o psicólogo preenchem de forma complementar, as exigências inscritas no Oráculo de Delphos: Conhece-te a ti mesmo.