As energias (relacionadas com o chamado New Age) que vêm do "espaço", mais materialistas, ou "a mesma coisa" associadas ao divino, vêm alterar, perturbar, a relação entre Razão e Sensibilidade. E isso parece grave, independentemente da sua veracidade, e este texto não trata disso, apenas parte do principio que existe uma realidade sensível, exterior ao indivíduo, que trata psicológica e filosoficamente.

 

 

1- Psicologicamente.

 

Vejamos, então... O ser humano vive uma sensibilidade permanente, uma sensibilidade física, emocional ou sentimental. E cada um tem, em conformidade com a sua personalidade, o seu próprio semblante, o seu sentir pessoal e, como as impressões digitais, único! Essa sensibilidade pessoal é resultado da observação directa ou indirecta da realidade. Observando esta ou aquela situação real o indivíduo sente. E a sua sensibilidade é, como a realidade, diversa. Ora, é nesse sentir diverso que vai interferir a suposta energia.

 

Para se perceber o seguinte tem que se reter que a energia é algo que provoca uma sensibilidade agradável.

 

Em situações normais de observação o indivíduo influenciado pelas energias vive sempre uma sensibilidade agradável artificial, e exterior à situação ou facto que observa. O resultado tem dois aspectos:

 

Um é o aumento da intensidade dos sentimentos agradáveis. Pois, nesse estado de sensibilidade agradável, um facto ou uma situação real agradável vai ser mais intensa, sem contrariação, pois, existe uma sintonia sentimental!

 

O outro aspecto é a diminuição, o desvanecimento, da intensidade dos sentimentos desagradáveis. O estado de sensibilidade agradável permanente causado pela energia contraria os sentimentos desagradáveis. E essa contrariação permanecerá sempre. Existirá sempre uma dessintonia, uma não sintonia, nos sentimentos. Por exemplo, se o indivíduo vive uma situação de tristeza vai ter sempre uma sensibilidade agradável contrariando a tristeza.

 

Concluindo, existe uma atenuação sentimental nas cenas de gravidade e uma acentuação nas cenas de alegria.

 

As consequências são várias, observamos socialmente, por exemplo, um gosto, de certa forma, exagerado pela diversão (exemplo Euro 2004), pelo erotismo, pela pornografia (comunicação social e arte), pelo amor e pelo desejo de paz (religiões e outros grupos), a que corresponde uma sintonia sentimental agradável.

 

E por outro lado, um gosto pela morte, pelo drama, pela violência (visíveis na comunicação social e arte) a que corresponde a dessintonia sentimental. Existe uma sensibilidade agradável (energia) acompanhando esta sentimentalidade desagradável (grave). Isso explica o seu sucesso.

 

Observamos que a violência generalizada aumentou no país... nas escolas, a violência doméstica... situações que logicamente se associa o factor energia. Não havendo estudos universais existe um estudo universitário que diz que mais de 70% dos estudantes partilham ideais que passam pelas energias.

 

Criticamente pode-se dizer que não é natural. E que existe uma aproximação dos seus efeitos aos do consumo de estupefacientes!

 

 

2- Filosoficamente.

 

Existe uma relação directa entre Razão e Sensibilidade, ou seja, a algo da razão corresponde algo da sensibilidade. Se em muitas coisas existentes no conteúdo da sensibilidade poderá ser polémico dizer que têm uma relação directa com a razão, como por exemplo, o sexo, noutras parece não haver problema. Por exemplo, na moralidade. No contexto de uma boa acção, que é racional, existe uma sensibilidade durante o acto que se pode dizer que é racional. Existe "um gostar", "uma alegria" (sensibilidade natural) durante a realização da boa acção que é consequente da moralidade, que é Racional. E por outro lado, existem realidades pelas quais a moralidade cria sentimento de repulsa, aversão. Portanto, a questão é também filosófica.

 

Esta sensibilidade natural e racional vai ser afectada pela energia segundo o que se apresentou no ponto anterior.

 

Nas situações de injustiça, de desigualdade, de miséria o sentimento (desagradável) de repulsa, de aversão que, normalmente, se tem é atenuado, é diminuído. O que na prática leva a uma consciência de menor gravidade em relação a essas situações. Consequentemente, o ser humano torna-se menos capaz moralmente. A energia contribui para a construção de um pior ser humano. E, bem assim, de um mundo pior.

 

Se hoje a cultura herdada pode fazer frente a esta incapacidade, no futuro isso não é nada certo. Essa cultura ideológica pode desvanecer-se lentamente por causa da incapacidade moral. E até criar-se ideologia pior (nova) de acordo com a consciência do novo ser humano pior. Novos fascismos, novos Nazismos?!

 

E a mentalidade ligada á energia (e a outras realidades astrológicas) é de cariz transcendente. A ideia de se poder eleger um indivíduo por uma razão vinculada às energias, à transcendência, e não por motivações relacionadas com as lógicas da democracia não é descabida. E a ideia da possibilidade de criação de um novo tipo de estado transcendo-crático, a mesma coisa que teocrático, não é, também, descabida!

 

Para finalizar, pode-se falar de mais um aspecto - e existem muitos outros - , esse aspecto é económico. O bom funcionamento de uma economia é positivo para a humanidade, eleva o seu nível de vida.

 

Existe alegria associada ao trabalho, e nesse sentido a energia pode incrementar essa alegria, esse entusiasmo! E isso à primeira vista pode parecer positivo, sem alongar a discussão, lembra-se que as decisões numa estrutura económica têm de ser tomadas com ponderação, portanto, o entusiasmo exagerado, provocado pela energia,  pode ser pernicioso à tomada de decisões. E, ainda, existe sempre a necessidade de esforço, de empenho, ora a energia que é agradável irá contrariar a vontade do esforço e do empenho (digamos desagradável mas necessário num dado momento) da forma como vimos no ponto anterior. Portanto, a energia parece economicamente perniciosa nestes dois aspectos!

 

Parece ser da responsabilidade de todas reflectir sobre o que se apresenta!