Este artigo tenta unicamente apresentar uma reflexão proeminente sobre a actividade sexual na mulher com maior incidência nos aspectos emocionais da sua vida e as interferências que resultam em consequência da fragilidade sexual.

A actividade sexual pode ser dividida em 3 fases: o desejo, excitação e orgasmo. Ao contrário do que pensam algumas pessoas, o desejo sexual do ser humano adulto e consciente não se compara à simples pulsões fisiológicas, como é o caso da fome ou da sede. As dificuldades sexuais tanto do homem quanto da mulher podem ter causas nas variações hormonais. A falta de desejo e interesse pelo sexo, dores causadas por falta de lubrificação e a falta de erecção podem ser os sintomas mais comuns. Toda dificuldade sexual abala a estrutura de qualquer relacionamento conjugal, e as pessoas envolvidas nessa relação, por falta de informação e conhecimento, frequentemente culpam um de seus parceiros pelo desinteresse sexual.

A sociedade angolana que durante muitas décadas vingou a ideia de que a mulher não sentia (ou mulher honesta não deveria sentir) desejo sexual. Sexo era mais coisa de homem (ou de mulher pouco séria ou promíscua). Infelizmente, essa ideia ainda faz parte do repertório cultural sobre a sexualidade enredando a vida de muitas pessoas. Da mesma forma, a sexualidade masculina também foi deturpada, de forma que o homem tinha de estar sempre disposto, como se fosse uma máquina sexual. Perseguindo esse modelo cultural, quando o homem não se insere no papel sexual que lhe é atribuído de macho a qualquer custo, antes de acreditar que sua performance sexual é diferenciada pessoal, sensível e exigente, "prefere" achar-se impotente. A mulher moderna, por sua vez, quando não se insere no papel feminino que a sociedade estabelece e define através dos meios de difusão massiva, antes de valorizar a sua individualidade e de lidar de maneira pessoal com a sexualidade, pensa estar a sofrer de frigidez, timidez, apatia sexual ou qualquer coisa doentia nesse sentido.

Hoje em dia, as mulheres esperam mais dos seus parceiros, a maioria das mulheres não se sente mais uma propriedade, procuram a satisfação, seja com fantasias sexuais, carícias e não apenas através do acto da penetração. A mulher leva um tempo maior para excitar-se, e para que isso possa ocorrer com as mesmas, é imprescindível que seja por alguém que fundamentalmente as atraia sexualmente, que seja carinhoso e compreensivo, que as ame, não desejando mais serem vistas como meros objectos para a satisfação sexual masculina. A mulher actualmente espera que o parceiro ou namorado também possa ser o objecto de desejo delas e consequentemente pedem mais, exigem o orgasmo, afinal isso é uma vitória conquistada pela mulher dos tempos modernos. Estão mais independentes com o tema sexualidade e sentem-se mais magnânimes na cama. O acto da penetração por si só quer dizer muito pouco para a mulher adulta, é apenas um complemento de um acto de amor, para elas o fundamental passa a ser o carinho, a excitação, tempo de duração do acto e o prazer. A satisfação sexual precisa estar cercada de carícias e de parceiros afectuosos.

A sexóloga argentina Maria Luiza Lerer afirma que a mulher pode negar a si, as necessidades e vontades e refutar a partilha com o parceiro. Apenas pouco mais de um quarto das mulheres afirmam a preferência sexual igual à do discurso sexual masculino nas suas culturas. A penetração, tão fortalecida e valorizada pelo homem no contexto sexual é deixada de lado pela maioria das mulheres. Esta não é uma informação assimilada pelo homem, muito pelo contrário, as informações que os homens trocam entre si e recebem advindas através de revistas eróticas e filmes pornográficos (facilmente constatável pelo leitor) valorizam directa e explicitamente a penetração no ato sexual. Para mulher a sexualidade não começa na cama, tampouco termina, a sexualidade é o quotidiano com seu parceiro e tudo aquilo que ele possa demonstrar de afectividade. Maria, uma mulher adulta foi-lhe pedido para falar da sua sexualidade, e expressou-se da seguinte forma: “Sexo para mim é uma coisa normal, que devemos dispor sempre que sentirmos desejo de obter prazer sexual. Para atingir a satisfação sexual não basta apenas o acto da penetração, mas que o indivíduo esteja bem consigo mesmo, ou seja, física e psicologicamente. Deve-se contar também que numa relação é fundamental que haja amor e carinho."

Para terminar podemos dizer, que de uma forma geral os angolanos mostram-se bastante carinhosos apenas nos momentos íntimos, o que por si só não engloba toda gama genital que fortalece a satisfação sexual na mulher, é necessário um comportamento de companheirismo, respeito, dedicação ao relacionamento, de forma a criar não só o desejo sexual, mas a vontade permanente e a valorização que a mulher faz do seu parceiro.