“Gerir os pensamentos é: Deixar de ser um espectador passivo das ideias negativas. Exercer domínio sobre os pensamentos que produzem transtornos psíquicos”.

(Dr. Augusto Cury, p. 100, 2006).

(Em respeito e agradecimentos aos leitores que leram o primeiro artigo de opinião que escrevi: “Reflexões Quotidianas”, divulgado no fim de outubro/2008, em 'O Portal dos Psicólogos'.)

Muito gentilmente, teceram comentários favoráveis e sugestivos à matéria, oportunizando-me retomar o assunto, abordando o outro lado. Isto porque alguns leitores expressaram suas opiniões, fazendo referência ao universo da troca de papéis, entre homem e mulher, em comportamentos agressivos no âmbito doméstico.

O que escrevi no primeiro artigo foi uma observação directa, num contexto social público, complementando com pesquisas e entrevistas feitas à cidadãs brasileiras e famílias portuguesas, em 4 anos de observação, pesquisas e estudos de Norte a Sul de Portugal.

Mudando o enfoque da observação directa, acerca daquele comportamento paterno passivo e submisso, para uma projecção no ambiente doméstico familiar, embasado cientificamente nas ciências do comportamento e experiência profissional. E, também, nas mais diversas fontes de informação da Comunicação social actual, pode-se inferir, com pouca margem de erro, que aquele pai humilhado publicamente perante a filha e demais estranhos presentes, em ambiente doméstico, com algum estímulo psico-reactivo (álcool, psicotrópicos, etc.), reagirá, defensiva e impulsivamente.

Com atitudes inadequadas, a priori, agressivas verbais e, dependendo de sua estrutura de personalidade (Ver: A força da Emoções, François Lelord e Christophe André, 2000; Cultive a Sua Inteligência Emocional, Daniel Chabot, 1996; Doze Semana para Mudar uma Vida, Augusto Cury, 2006), em ambiente fechado (doméstico) pode vir a apresentar um comportamento de violência contra a companheira, e/ ou de conduta sexual desviante perante menores.

Isto porque a grande maioria da população mediana (famílias com escolaridade oscilando entre a primária e o secundário) masculina e feminina, desconhece os benefícios do tratamento psicológico, na solução de conflitos íntimos e familiares. E, por outro lado, as diversas categorias profissionais, que tratam da saúde humana, em Portugal, ainda trabalham num sistema pouco interactivo com os profissionais psicólogos.

Atitudes parentais em conflitos constantes, no seio familiar, propiciam ao nascimento dos comportamentos desajustados, socialmente. A companheira, geralmente, coagida pelo medo, cala-se no ambiente doméstico, mantendo uma relação superficial, em atitudes, ora submissas, ora de exigência e cobrança, voltada para as questões materiais, recorrendo aos fármacos para amenizar a dor emocional psicossomatizada, distanciando-se do diálogo afectivo marital e filial consciente e maduro.

Instalando-se uma rutura da harmonia e equilíbrio familiar, cujos pilares são, segundo o Dr. António C. Romanello:“Emocional, Sentimental e Social; desencadeando na família, o sentimento de derrotismo, medo, a sensação de vida sem interesse, tensão, angústia e tristeza”.(www.equilibriocomportamentalinterativo.com). Cito o que alguns leitores me escreveram (e-mails e MSN, conteúdos escritos pelos mesmos), após lerem o artigo.

1º Cidadão Português( em 28/10/2008) residente fora de Portugal:

“Achei muito bom e consigo identificar-me com a situação apresentada, tão típica de Portugal – a mulher bruta e cheia de raiva. Em muitos casos a situação inverte-se e é o homem que assume esse papel e a mulher passa ao outro extremo e torna-se um ser passivo e sem amor próprio”.

 

2º Cidadã Brasileira (em 01/11/2008), casada com um cidadão Português, residente em Portugal:

“Está muito bom seu artigo, você conseguiu relatar a realidade, vejo da mesma forma. Parabéns.”

 

3º Cidadão Português (em 17/11/2008), residente em Portugal:

“Li o teu artigo e meditei sobre ele. (...). Havemos de conversar sobre isso (...). Os portugueses só não respeitam quem os desrespeita. (...)”.

Manifesto aqui o meu apreço, aos comentários dos leitores, muito oportuno e pertinente, isto porque desencadeou interesse em aprofundar uma discussão reflexiva em torno do assunto. Até porque é uma realidade presente, muito delicada e complexa que cada família vivencia, e, todos nós somos oriundos de uma família, que, na maioria das vezes, vive em profundo sofrimento silencioso, sob o domínio das forças das emoções doentes, principalmente, o sentimento de vergonha social, o medo de maiores danos e perdas e, sem saber como lidar com conteúdos afectivos/emocionais tóxicos.

Presenciei de perto conflitos familiares de risco, aqui em Portugal/2006 - por questões éticas não vou citar o sítio - mas aponto caminhos possíveis para ajudar, sem riscos à quem se solidariza com os indefesos. Na época, em busca de informações para ajudar algumas famílias (Portuguesas e Brasileiras), na Rede de Apoio Social, encontrei uma Instituição que presta ajuda com informações, acolhimento e encaminhamentos, GAF: Gabinete de Apoio à Família.

Descobri que a maioria dos cidadãos desconhecem como, onde e a quem pedir ajuda com segurança. E por outro lado, reconheço que faz parte de nossa actividade ética e profissional informar, sugerir, orientar e encaminhar os cidadãos para irem em busca de soluções pertinentes aos seus conflitos, sejam eles pessoais familiares, individuais, de saúde ou profissionais.

Para concluir, cito: U.P = Distúrbios = Novembro/04/2008 “A personalidade pode ter certos distúrbios que se caracterizam fundamentalmente por vários sintomas que podem ser detectados em conjunto ou individualmente. Alguns exemplos de sintomas de [transtorno de personalidade|distúrbios / transtornos da personalidade]: falta de socialização; deformidade de carácter; o indivíduo não observa as suas obrigações em relação a outros, a grupos, a convenções sociais, intolerância, frustração, impulsividade, egoísmo, falta de autocensura, incapacidade de aprender com base em seus próprios erros, irresponsabilidade, instabilidade de humor, de auto-estima e de relações interpessoais, frequentes actos impulsivos e auto-lesivos, ira descontrolada, sensação de tédio e ameaça de suicídio, entre outros tantos sistematizados. Fonte: www.estruturasdepersonalidade.wikipédia

“Assim a ética torna-se o último recurso de uma humanidade em perigo de extinção. Só a co-responsabilidade solidária, com validade intersubjectiva, partindo do critério de verdade vida-morte, talvez possa nos ajudar a sair com dignidade no tortuoso caminho sempre fronteiriço, como quem caminha qual equilibrista sobre a corda bamba, entre os abismos da cínica insensibilidade ética irresponsável para com as vítimas ou a paranóia fundamentalista necrofílica que leva a humanidade a um suicídio colectivo”. (Enrique Dussel, p. 574, 1998, em Ética da Libertação).