O mundo gira em torno de remédios...Pessoas clamam por alívio às suas dores físicas como as chamadas “borboletas no estômago, enxaquecas, taquicardia, etc.

Procuram um bom médico, renomeado por sinal, pagam consultas caríssimas, onde além de recitarem remédios para o “achado” problema, ainda saem com mais um prêmio, a “pílula milagrosa”:- antidepressivos...

É o caso da Sr. Y, agora já pode desfrutar de uma noite de sono tranqüila, as borboletas sumiram, um leve torpor invade todo o corpo, os olhos ficam semi cerrados, as palavras já não são pronunciadas com certa “calma”.

Por um tempo escasso tudo parece resolvido, mas algo ainda acontece! Uma sensação de impotência, de que algo está faltando...

Melhor procurar um psicanalista? De repente são sintomas de uma repressão infantil, seja de origem sexual...

Ela chega com um certo grau de angústia, não consegue ficar com as pernas mobilizadas, e é chamado a relaxar deitada no divã, falar o que lhe vem a mente à uma pessoa (ou talvez para si mesmo) que fica afastado sem mostrar sua face...

O nervoso aumenta... Será preciso a pílula milagrosa?

Hora de correr...as dúvidas a consomem: tantas pessoas são curadas...O que será que tenho? Loucura? Caso de internação? Chega em casa, mas não consegue ficar parada, ao sair de sua casa um tanto desnorteada, tropeça na vizinha que sempre achou interessante, esquisita talvez...

Assustada a vizinha pergunta se está tudo bem, mas Sr. Y cai em prantos... O que fazer?

Alternativa um: coloca-se ela em frente à um objeto ( por ex. uma almofada) onde ela conte tudo que está sentindo?

Alternativa dois: Analisamos seu comportamento, sua história de vida e como o meio ambiente a influencia nas atitudes?

Alternativa três: Procura outro médico e troca o antidepressivo?

“Chegou a hora de acabar com as alternativas e agirmos como criaturas que necessitam de atenção, calor humano, onde possa realmente entender o que está sentindo, saber que pode contar com alguém, que nesse mundo todos nós precisamos uns dos outros. Que somos mais do que meras máquinas para sermos explicados e estudados como seus experimentos científicos."

No livro: “Desenvolvimento da Personalidade” de C. G. Jung, contamos com uma explicação significativa, onde não desmerecemos a profissão de psicólogos como mera ciência , mas façamos juz ao seu nome: Estudo da alma... Sendo assim somos: “Médicos da Alma”!.

(...) A diferença reside no fato de a psicologia analítica não recusa a ocupar-se com quaisquer processos, por mais difíceis e complicados que sejam.

Outra diferença consiste no método adotado e no funcionamento da ciência, não temos laboratórios com aparelhagens complicadas. Nosso laboratório é o mundo, nossos experimentos são acontecimentos reais da vida humana de cada dia, e o pessoal submetido às provas são nossos pacientes, discípulos, parentes, amigos e enfim nós mesmos. O papel do experimentador compete ao destino. Nada de picadas de agulha, de choques artificiais, luzes estonteantes e de todo esse múltiplo condicionamento de laboratório. O que temos são as esperanças e os perigos, as dores e as alegrias, os erros e as realizações da vida real, que se encarreguem de fornecer-nos o material de que precisamos para observação.

Nosso intento é compreender a vida da melhor maneira possível, tal como ela se manifesta na alma humana. A lição que tiramos desse conhecimento não deverá petrificar-se sob uma forma de teoria intelectual, mas deverá tornar-se um instrumento de trabalho, que aperfeiçoará suas propriedades pela aplicação prática, de modo a poder cumprir sua finalidade de melhor maneira possível.

Esse intento consiste na adaptação mais adequada do modo de levar a vida humana, e esta adaptação ocorre em dois sentidos distintos( pois a doença é a adaptação realizada). O homem deve ser levado a adaptar-se em dois sentidos diferentes, tanto à vida exterior – família, profissão, sociedade- quanto as exigências vitais de sua própria natureza. Se houver negligência em relação a qualquer uma dessas necessidades, poderá surgir a doença (...).

É chegado o momento de mudar nossos conceitos sobre o significado da alma humana, entender quem somos realmente... Olhando para tudo de uma forma transpessoal, além da matéria e usar os estudos iniciados pelos grandes filósofos da antiguidade onde continham certas verdades, que “os homens” conseguiram confundir com a ciência e com a fonte criadora do mundo, que também tem sido causa de destruição: o sexo.

 

BIBLIOGRAFIA

CARL GUSTAV, Jung. O Desenvolvimento da personalidade, tradução: Frei Waldemar do Amaral. Rio de Janeiro: Vozes, 1983.