Acaba de sair o novo livro do psiquiatra e escritor norte-americano Irvin Yalom, autor de “Quando Nietzsche chorou”, best seller mundial. “Vou chamar a polícia e outras histórias de terapia e literatura” é o título da nova obra. Mais uma vez senti o prazer de caminhar com o dr. Yalom pelos meandros da existência humana e pela também misteriosa senda da criação literária. Não conheço outro psicoterapeuta que consiga escrever com tal leveza e profundidade – uma combinação rara – sobre os temas relacionados ao sofrimento humano e aos modos de enfrentamento dos difíceis dilemas que a vida nos impõe. No entanto, acho importante dizer, temos aqui no Brasil um terapeuta com a mesma envergadura de Yalom: João Augusto Pompéia, membro da Associação Brasileira de Daseinanalyse, sediada em São Paulo,  que aparece esporadicamente para o público e cuja arte de comunicação se dá pela palavra oral.

O que muito me impressiona no livro de Yalom (o mesmo acontece ao ouvir a fala de Guto Pompéia) é seu modo claro de expressar o que pensa, sem perder de vista a complexidade do que o ocupa e, ainda, acrescentando a tudo isso  um profundo envolvimento emocional. Ufa! É uma invejável proeza nesse mundo de jargões e volteios de linguagem que muitos profissionais da Psicologia usam nos seus textos e palestras.

O novo livro de Yalom conta muito do seu trajeto profissional e de seu processo de criação literária. Como sempre, ele é franco e divertido. Sua proposta, como terapeuta existencial, é extremamente ousada: não somente ele “aposta” na relação terapeuta-paciente como principal ingrediente da psicoterapia – algumas outras abordagens advogam o mesmo –  como confere um extraordinário lugar à sinceridade e auto-exposição do terapeuta.  Ao descrever partes de um processo terapêutico, Yalom conta, com detalhes, suas dúvidas, incertezas e os riscos que decide correr.

Uma curiosidade me persegue: este livro, como vários outros do mesmo autor (“Mentiras no divã”, “Os desafios na terapia”, “O carrasco do amor”, “De frente para o sol”, “Mamãe e o sentido da vida”) será lido pelo público “em geral”, ou seja, por pessoas que não são profissionais da área da psicoterapia. O que buscam nele? O que encontram e faz com que comprem, seguidamente, os livros publicados? Afinal, não se tratam de obras de auto-ajuda ou para pessoas que buscam “sucesso”, boa saúde, melhores relações familiares. Todos eles falam do sofrimento humano, da enorme dificuldade para se estabelecer relacionamentos verdadeiros, para superar as limitações de doenças graves como o câncer, dos riscos de se viver a liberdade.

Se você leu algum dos livros de Yalom e tem uma sugestão do que responde à minha questão, por favor me escreva. Outras pessoas, até mesmo outros autores, podem aproveitar as suas idéias.