É relativamente fácil de perceber a relação existente entre corpo e mente quando, por exemplo, se levanta um braço. Também é consensual admitir que um momento de ansiedade pode provocar as vulgares dores de barriga ou, se preferirmos, os célebres "desarranjos intestinais". Menos frequente será a associação entre a estrutura psicológica e as comuns alergias ou a asma. De modo idêntico, poucas vezes ouvimos associar as perturbações hormonais e as dificuldades existenciais. Como derradeiro exemplo, é visto com muitas reservas a relação entre os estados depressivos e as doenças oncológicas (em abundantes ocasiões, é assunto tabu).

No entanto, apesar deste contínuo relacional entre o físico e o intelecto ter diferentes níveis de evidência, existem observações sistemáticas, muitas delas extensivamente documentadas, de que esta conexão é uma circunstância inalienável.

Desde a simples enxaqueca até ao mais severo dos cancros, os sentimentos, as cognições e as crenças pessoais, interferem e condicionam. Há, por isso, um processo não material, que se produz ao nível do pensamento, (mormente inconsciente ou subliminar), que faz bailar a matéria humana ao som da sua música.

Enfatizo a matéria humana, porque é sobretudo neste tipo de primatas bípedes que estes padecimentos sobrevêm. Sim, os (outros) animais também "stressam", ou seja, também vivem diversas situações de aflição, como por exemplo quando são ameaçados ou atacados por semelhantes. Todavia, a diferença fundamental reside no facto de que, na quase totalidade dos casos, esses seres utilizam todas essas modificações fisiológicas, como as descargas hormonais, o aumento da pressão arterial e a aceleração generalizada do metabolismo, para optimizar a sua acção. Entenda-se: correndo, fugindo, saltando, lutando. 

Ora, se nestes acontecimentos relatados se descobre que toda a “gasolina” injectada no organismo é gasta, no caso do Homem observamos que se trata de uma espécie animal com propensão para manter esse combustível, de forma continuada, no corpo. Isto traduz-se no aumento da toxicidade na corrente sanguínea, na indisposição física e psíquica e na génese de pequenas e grandes enfermidades. 

O profissional continuamente sobre pressão que desenvolve uma úlcera gástrica; A vítima de um vivenciado infortúnio (mesmo subjectivo) que perde o sentido da vida, enfraquecendo o seu sistema imunológico; A afonia que subitamente ataca alguém que vai ser orador numa apresentação pública. Eis 3 exemplos ilustrativos deste tipo de fenómenos.

Para contrariar esta tendência, uma das principais almofadas a que podemos, e devemos, recorrer, é a expressão emocional. Quem tem amigos bons ouvintes, e abertura comunicacional, tem mais protecção contra estes indesejáveis bailados. A quem dessas condições não frui, incumbe procurar ajuda profissional. Nesse âmbito, a empatia será um factor determinante, pois facilitará a libertação de medos, a procura de renovados trilhos e a aquisição de optimizadas estratégias para desfrutar a vida.