Uma vez no comando de uma empresa ou de uma área, temos sob nossa responsabilidade um grupo de pessoas que precisa de orientação e apoio.

Quando tudo corre bem e os resultados são favoráveis nos sentimos poderosos, mas nossa fragilidade pode ser exposta quando nos deparamos com sérios problemas, que podem estar relacionados a questões financeiras ou pessoais.

Já estive como condutor do processo nos dois lados da questão.

Em um momento da minha vida tive que fazer uma cirurgia em caráter de urgência, e o gestor a quem eu respondia, preocupado com problemas em minha ausência, me pediu que eu postergasse a data do procedimento. Evidentemente que tal pedido não podia e não foi acatado. Minha equipe estava preparada para tratar de todos os assuntos, portanto nada excepcional ocorreu enquanto estive fora, mas ficou no ar um desconforto com aquela atitude.

Do outro lado, havia acabado de contratar um profissional quando este enfrentou sérios problemas de saúde, o que me levou a assumir a área durante algum tempo. A recomendação que me faziam era para substituí-lo, pois mal havia chegado à empresa e já estava afastado. Não acatei os “conselhos” e pudemos formar um belo time quando este voltou, desenvolvendo vários projetos com muito sucesso.

Algumas questões podem envolver acidentes graves, falecimentos, divórcios, cuja dor emocional gera muita tristeza e essa acaba, sem que possa evitar, na sua sala.

Não importa se você é bacharel ou PhD, poucas cadeiras ou matérias nas universidades tratarão da questão da tristeza e nenhuma delas o preparará devidamente para encará-la.

Um amigo que sempre se mostrou uma rocha e considerava depressão uma frescura, certa vez me disse: - Só entendi o homem que chora a perda do gato quando tive uma queda de serotonina.

A serotonina exerce grande influência no estado de humor. Ela é conhecida como uma substância mágica que melhora o humor de um modo geral. É  chamada de hormônio da alegria.

Enquanto gestores, como administramos situações nas quais a tristeza se faz presente e com intensidade?

De modo geral, tentamos colocar a pessoa em pé com palavras de ânimo, dizendo que tudo vai melhor, você supera isso, não se deixe abater, você é capaz, estou aqui para ajudá-lo, mas poucas vezes nos damos conta de que a pessoa acometida pela tristeza precisa de um período de luto.

Não há tempo determinado, este varia de acordo com a perda e com a pessoa para que possa lidar com sua dor emocional.

Para a dor emocional e a tristeza podemos estabelecer cinco fases, que não precisam ser atendidas necessariamente nessa ordem, nem com tempo determinado, mas que de modo geral nos orienta.

1)  Estado de choque – Frente ao fato não temos nenhuma reação;

2)  Negação – Ao nos darmos conta do ocorrido não queremos acreditar e aceitá-lo;

3)  Raiva – Ficamos revoltados com o fato, questionando por que tinha que ocorrer conosco;

4)  Desespero – Ao não conseguirmos vislumbrar saída temos a impressão que não há solução;

5)  Superação – Incorporação de atitudes que permitem dar a volta por cima.

E nós, como gestores, como podemos ajudar nesse processo?

Primeiro reconhecendo e aceitando que é necessário dar à pessoa tempo e espaço, depois conduzindo algumas ações adicionais. Ouvindo, apresentando opções positivas, ajudando a resgatar a confiança, proporcionando inspiração, trabalhando em conjunto para que esta possa ter foco e recupere sua rotina, estabelecendo rituais e âncoras emocionais, auxiliando no processo de concentração, tornando-se um referencial de segurança.

Com toda minha experiência, ao tratar dessa questão tão complexa, sei muito do que faria, pouco do que conseguiria.