A promoção da saúde tem como base a aceitação de que os comportamentos em que nos envolvemos e as circunstâncias em que vivemos têm impacte na nossa saúde.

De acordo com o American Journal of Health Promotion, (1989,3,3,5), a Promoção da Saúde é “a ciência e a arte de ajudar as pessoas a mudar o seu estilo de vida rumo a um equilíbrio entre a saúde física, emocional, social, espiritual e intelectual. A mudança no estilo de vida pode ser facilitada pela combinação de esforços que promovam a mudança comportamental e que criem ambientes que promovam boas práticas de saúde”.

Esta concepção vai ao encontro da definição avançada pela Carta de Otawa para a Promoção da Saúde, em 1986 e que diz que a Promoção da Saúde “é um processo que permite às pessoas aumentar o controlo sobre a sua saúde”.

A Promoção da Saúde apresenta uma visão holista da saúde, adoptando a definição de saúde da Organização Mundial de Saúde: “Estado de completo bem-estar físico, mental e social, mais do que a mera ausência de doença ou enfermidade”. Esta definição dá ênfase aos aspectos positivos do conceito, surgindo a saúde como um recurso presente no dia-a-dia dos indivíduos.

Ao mesmo tempo, a Promoção da Saúde procura que as pessoas tenham um papel activo, atribuindo-lhes o controlo das condições que afectam a sua saúde. Diversos estudos mostram que as pessoas capazes de exercer grande controlo e tomada de decisão em relação aos factores que contribuem para a sua saúde, se sentem mais saudáveis.

 

Tendo sempre em mente que, actualmente, cerca de 50% das mortes têm como causa aspectos relacionados com o estilo de vida, podemos falar em determinantes de saúde, ou seja,  factores sociais, económicos e ambientais que determinam o estado de saúde dos indivíduos e das populações. Incluem: estatuto social, rede de apoio social, educação, emprego e condições de trabalho, ambiente físico, ambiente social, aspectos biológicos e genéticos, desenvolvimento infantil saudável e serviços de saúde.

A promoção da saúde, na sua vertente prática, preocupa-se sobretudo, por um lado com os aspectos relacionados com o estilo de vida da pessoa, ou seja, se fuma, se faz exercício, como se alimenta e, por outro, com os aspectos relacionados com a educação, as condições de trabalho e o ambiente físico e social.

A diversidade de factores, requer uma grande variedade de estratégias, adoptadas de acordo com o grupo-alvo de determinada acção ou programa de promoção da saúde. Podem dirigir-se a toda a população de um país, a uma comunidade, família, grupo específico ou mesmo a um só indivíduo. Todas as estratégias têm vantagens e desvantagens. Um programa de promoção da saúde centrado num indivíduo pode ter 100% de eficácia, mas deixa de fora toda uma população. Por outro lado, uma acção dirigida a um país inteiro, com certeza não irá conseguir ser eficaz para todos os seus elementos. Assim, o sucesso parece estar na criação de programas bem planeados, destinados a grupos de dimensões médias e com características semelhantes, como, por exemplo, jovens universitários, grávidas, homens com mais de 50 anos.

A Carta de Otawa encoraja o uso de estratégias diversas, identificando cinco áreas para a prática da promoção da saúde:

1. Construir políticas de saúde pública;

2. Criar ambientes apoiantes;

3. Fortalecer as acções na comunidade;

4. Desenvolver competências pessoais;

5. Reorientar os serviços de saúde.

Os promotores da saúde têm trabalhado nestas cinco áreas de acção, recorrendo a estratégias-chave:

1. A Comunicação de Saúde, diz respeito ao uso de técnicas de comunicação que influenciem positivamente os indivíduos, populações e organizações, visando a promoção de condições que permitam a saúde humana e ambiental.

2. A Educação para a Saúde remete para a criação de oportunidades de aprendizagem, incluindo conhecimento e desenvolvimento de competências que conduzam à saúde individual e da comunidade.

3. A Mudança Organizacional visa trabalhar em locais como escolas, locais de trabalho, empresas, hospitais, universidades, com o objectivo de criar ambientes apoiantes que facilitem as escolhas saudáveis.

4. A mobilização e envolvimento da comunidade implica esforços colectivos das comunidades visando o aumento do controlo sobre os determinantes de saúde.

5. O Desenvolvimento de Políticas permite criar medidas legislativas reguladoras que protejam a saúde das comunidades e tornem mais fácil para os indivíduos fazer escolhas saudáveis.

Estas estratégias, bem como os objectivos que visam alcançar em termos de promoção da saúde e prevenção da doença, funcionam como base para a criação de programas, permitindo planear, implementar e avaliar acções, campanhas e projectos em inúmeras áreas e com os mais diversos públicos-alvo.

 

Referências

Bennett & Murphy (1999). Psicologia e Promoção da Saúde. Climepsi Editores

http://www.healthpromotionjournal.com/

http://www.dgs.pt/ (permite aceder a documentos de referência, como a Carta de Otawa e a recursos em pdf).