Estamos constantemente discutindo sobre as possibilidades de mudança social e onde é que temos os erros sociais. Sim! Discutir é um passo. Entender os processos errados e porque eles assim acabaram neste formato é realmente colaborador, mas, precisamos de outros agentes, os que, junto com os que discutem, criam atividades que direcionam a outras possibilidades.

Tenho assistido que o apoio à produção de alimentos orgânicos, pesquisas e sistemas de reciclagem de lixos, atividades de esporte, laser e cultura, festividades populares, aplicações de urbanização humanitária, centros de atendimento psico-sociais, Sistema Único de Saúde, entre outros projetos, tão geniais, caem em desuso pela população, por falta de uma boa gestão estratégica e fiscalizatória. Desfragmentam-se pela ausência das respostas de onde, quando, para quem, e, por quê, que deveriam estar acessíveis a quem precisa. Podem até serem informadas, mas estão sem chegar à compreensão necessária para sua utilidade.

Estamos em uma época de muitas idéias. O incentivo às idéias é fabuloso. Brotam nos jogos on-line, nos filmes, nos livros de auto-ajuda, formatações sociais e despertar de discussão que realmente colaboram para início de trajetos, mas, que se abandonam no meio do caminho, e a falta de apoio é um forte lapso para as frustrações.

Sociedade é composto de pessoas sociais que captam um interesse comum e assim cumprem algumas regras para conseguirem uma finalidade. É, também, composto de pessoas que se associam e, assim, somam peculiares especialidades e dotes que acabam intervindo em carentes situações que aguardavam esta chance para agir e, juntos, possibilitam uma intervenção de construção sólida, mas, que permite mover-se junto com as transformações necessárias porque é realizada por pessoas e, delas, vem o molde que gradualmente deforma e solicita reforma para continuar na sua função existencial.

Estar, com seus mecanismos de trabalho, e, mais do que isso, buscar aprimorá-los quando é oportuno, é uma parte social importante que colabora para a transformação desta nossa sociedade, que possui tantos incômodos, que nos fazem ter más digestões, fugas e desânimos existenciais.

Usar seus mecanismos, ou seja, suas habilidades, seus dotes, “sua parte social” é o que precisamos de cada integrante da sociedade, para compreender e desenvolver, de forma que possamos colocá-lo em uso de um desenvolvimento sustentável e viável para que a vida seja preservada. Nas palavras do escritor Rubem Alves existe uma boa didática para esta percepção: “"Carpe Diem" quer dizer "colha o dia". Colha o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre. A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente.”

E a prática da colheita precisa de muitas mãos em obra. Sem união não é possível sociedade. Sem sociedade sobra um agrupamento de pessoas que alienam e são insaciáveis.