O anuncio de um campeão é expresso num segundo, mas se eterniza para muitas vidas. Neste instante que provoca mudança vem a possibilidade de percepções de estratégias para viver melhor e, assim incentivar esta busca semelhante em outros propensos competidores.

As competições esportivas têm um papel social há milênios sendo consideradas como oportunidades de lazer e também pró-educativas.

Mas, infelizmente, o artifício do esporte para uma sociedade mais humana e saudável está tão erradicado em algumas nações que, quando é anunciado um campeão logo também é anunciado o vencido de uma forma que se acentua o pesar e a compaixão para com os que sofreram a perda da competição.

Precisamos também ter compaixão dos campeões! Estes enfrentaram barreiras, limitações, ausências de energia vital, mas, não perderam o – acreditar -, que pouco é fornecido e muito é roubado. Campeão é o que acredita em possibilidades além das fronteiras e, aceita assumir seus papeis sociais e os comprometimentos que virão.

O que haverá se nos colocarmos a pensar sobre o que vem a ser uma nação campeã? Ou, também assim, em um estado, uma região, uma cidade, um bairro, um conjunto habitacional, e uma família.  Se assim queremos ter a nomenclatura de campeões temos que acreditar - juntos e todos -, e, com esse acreditar, assumirmos os necessários papéis sociais e seus comprometimentos. Utópico, diriam, mas sem a existência destes pensamentos utópicos não existe uma transformação de realidades.

Com esta ousada utopia, especialistas já desenvolveram muitos projetos para uma sociedade mais sustentável e humanitária que já são comprovadamente passíveis de aplicação, mas, que ficam engavetados porque não foram suficientemente acreditados pela maioria.

Chegamos a ter decretadas leis que, regidas, obrigariam a aplicação destes projetos,  leis instituídas na constituição da república federativa do Brasil em 1988. Tais decretos como o do artigo 1: - a cidadania ou, do mesmo artigo – construir uma sociedade livre, justa e solitária,  entre outros, nenhum menos ou mais importante, mas que, fundamentalmente, precisamos revivê-los, republicá-los e paginá-los em nossa história contemporânea.

É inerente a necessidade de compatriotas disponibilizarem-se a fazer reger as leis e diretrizes sociais que já foram instituídas, mas, que não são validadas por incompreensão ou, meramente, por estarem inacessíveis para a massa que as necessitam.

Constato que tais decretos estão em inatividade se assim temos crianças e idosos em maus tratos em pleno uso de espaços regidos por políticas públicas que titulam oferecer serviços de saúde e acolhimento.

Nenhum dos campeões, nem nenhum dos vencidos, desta nossa nação podem ser desconsiderados. Ambos fizeram parte da competição e tiveram uma importante representação. Ambos tiveram o seu acreditar, mas, em intensidades diferentes. Direta ou indiretamente teceram uma mesma compaixão, mas a fizeram uso diferente. O vencedor a usou como combustão, amou-a com exaustão, como no soneto Quero de Drummond. O vencido a usou como escudo para não ser atacado pelo seu medo. Ambas foram importantes estratégias, mas vale buscar a sabedoria de quando e onde devemos empregá-las.

Com permissão e combustão adapto este soneto de Drummond: Quero que todos os dias do ano, todas as vidas, de meia em meia hora, de 5 em 5 minutos – AJAM COM SABEDORIA!