Com várias concordâncias de que se trata de uma possibilidade real de acesso ao pensamento, seja ele considerado inconsciente ou pensamento analítico, de objetos que compõem uma estrutura da convivência ou significação do analisado, a interpretação dos sonhos como um mecanismo de utilização terapêutica de Sigmund Freud abrangeu muitas etnias.

O contato com um pensamento em essência, um pensamento puro, que pode ser o objeto de maior significação para os comportamentos que causam perturbações, também gerou difusas interpretações, resultando em más utilizações e em muitas outras técnicas psicoterapêuticas não suficientemente comprovadas.

Segundo Freud, (1959, p.188) Quando por uma estreita garganta chegamos de repente a uma altura de que partem diversos caminhos e se nos oferece um variado panorama em diferentes direções, temos de nos deter um instante e meditar para onde deveremos dirigir primeiramente o olhar.

Deveríamos, como seres humanos voltados a ética, enfatizar a correta utilização deste mecanismo. A popularização e despreocupadas correlações desqualificam a técnica e possibilitam dissimuladas interpretações.

É relevante a consideração de que as publicações de Freud são realizadas para o seu tempo e sua cultura, e, é notável que este deixasse aberto o estudo para que outros pesquisadores fizessem seus aprimoramentos. Mas isso, infelizmente, nem sempre acontece. O estudo de Freud, levado em concretude em nossa cultura e em nosso tempo torna-se de estrutura abalável. Suscita pontos, mas deve ser contido em possibilidade de erros, e de contrariar ao que diz o estudo freudiano do século passado. A correta interpretação deveria advir de conhecimento da pluralidade de contextos e de muitas possibilidades culturais.

Esta pluralidade de contextos e suas muitas mutações, como os mecanismos de resiliência, devem ser continuamente captadas em estudos contínuos. Ajudas precipitadas, ou, aconselhamentos sem embasamento, podem se tornar tão desastrosos como a inoperância em situação de emergência.

Segundo Descartes (1637 p. 54) “[...] – vendo cousas diversas que, embora nos pareçam bastante extravagantes e ridículas, não deixam de ser recebidas e aprovadas por outros grandes povos – [...]”. E, concordando com esta consideração, o profissional qualificado deve utilizar os métodos de acordo com suas faculdades, perceber que fatos serão relevantes para conduzir a uma qualificada alternativa de ajuda psicológica para seu analisado.