Falar dos trabalhos para casa (TPC) é algo que provoca grande controvérsia. Esta é já uma prática educacional antiga, mas sobre a qual nem todos concordam. Conheço pais que exigem que o seu filho tenha sempre bastantes trabalhos de casa para fazer, sob pena de classificarem os professores que não os prescrevem de “incompetentes”. Outros são decididamente contra qualquer forma de trabalho para casa enviada pelos agentes de ensino. Dentro da classe de professores e educadores o tema também não está para consensos! Tantos são aqueles que os defendem como “imprescindíveis” como aqueles que os acusam de “aberração”. Mas, será alguma destas opiniões tão opostas correta?

De facto, existem alguns indicadores que, a meu ver, me fazem discordar dos TPC, mais do que me fazem concordar com eles. As nossas crianças e jovens já dedicam muito do seu tempo ao estudo durante o dia. Muitas vezes têm outras atividades exigentes para além da escola (música, dança, desporto…). Não têm muito tempo para dedicar à família, sendo que esta é, sem sombra de dúvida e, se atentarmos para os estudos, o seu alicerce. Necessitam de tempo para descansar e, principalmente, brincar. Os pais, no final da tarde, têm pouca tolerância e mais irritabilidade, não conseguindo acompanhar convenientemente as atividades escolares dos filhos, o que faz com que a qualidade de relação pais-filhos diminua drasticamente ou mesmo deixe de existir. Nem sempre os professores vão ler e corrigir os TPC.

Existem mesmo estudos que mostram que a realização dos TPC não se traduz na melhoria dos resultados académicos dos alunos. Na minha opinião, seria muito mais interessante enviar TPC, aos fins-de-semana, sobre as atividades realizadas pelo aluno naquele fim-de-semana e aproveitar para incentivar as atividades em família que o fará crescer a nível pessoal, social, e ajudará a estreitar os laços familiares.

Muitos consideram que os TPC determinaram melhores alunos. Contudo, podemos constatar a sua infrutuosidade. Deste modo, apelo aos professores que são contra os TPC à “moda antiga” que se façam ouvir e não se intimidem. Afinal, são os professores que “mandam” na sua turma de modo que não contribuam para que a escola entre dentro de casa, assim como a casa (não os pais) entre dentro da escola.

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