O fascínio que nutro pela CURIOSIDADE, centra-se na capacidade intrínseca de fazer vibrar, provocando corporalmente modificações capazes de nos movimentar por trilhos que são sempre uma verdadeira descoberta, assente num poderoso fio de intuição quase primitivo e inato, onde não existe lugar para recompensas extrínsecas.

Se observarmos o ciclo de vida humano, e quisermos fazer uma eventual associação superficial, a curiosidade é encontrada naturalmente e de forma constante na criança, que tudo quer experimentar e onde o mundo da novidade generalizada é vivida de forma intensa. Imagino que a curiosidade é a expressão primária da liberdade individual final.

Mas a curiosidade expõe-se através da CORAGEM, vinda de tempos remotos, encontra-se impregnada na nossa pele, como prova o nosso hino “nação valente, imortal”, fazendo-nos querer transcender o próprio “EU”, onde o instinto de luta, faz esquecer o peso de toda a nossa vulnerabilidade física e emocional, e de todas as nossas dissociações temporo-espaciais. A coragem não se traduz pela ausência de medo, mas sim, por potenciais mais elevados, que o suprimem.

A coragem revela-se de forma espessa na adolescência, onde os limites são pouco reais e nada sentidos e a sede de viver é profunda e intensa, desaguando num posterior autoconhecimento, onde o “EU” adulto toma forma através da CONSCIÊNCIA.

A consciência apresenta-se como o resultado final de um fluxo infindável de imagens sensoriais, de emoções experienciadas e de vivências interiorizadas, que o “EU” passa a conter dentro de si, dando-lhe uma forma puramente individual e única.

Enquanto a curiosidade e a coragem agitam para a ação, a consciência oferece-nos constância e consistência, pois viver, é um estado de consciência permanente.

No entanto, esta consciência só é manifestada de forma visível através dos sentimentos, uma vez que só no mundo das interações, o “EU” sente. Atualmente, o tipo de interações é inumerável, e estas situam-se em diferentes níveis através de imensos padrões, mas, apesar desta aparente riqueza, nem sempre estamos perante verdadeiros sentimentos, mas quando existe a felicidade destes acontecerem, a consciência do “NÓS” tem de florescer, sob pena de abortarmos a curiosidade, de silenciarmos a coragem e de nos autocondenarmos ao vazio.

Assim, o autoconhecimento dota o adulto de ferramentas nobres, constantemente atualizadas, para que a liberdade de escolha individual prevaleça em prol de uma pura sensibilidade sentimental.