Devido à Guerra do Ultramar e/ou a outras participações em missões militares, existe um grande número de indivíduos com traumas de guerra. Estas vítimas queixam-se muitas vezes de serem ignoradas pela Sociedade ficando, por vezes, na sombra das vítimas fisicamente mutiladas nos combates.

A definição de stress de guerra, segundo a APOIAR (Associação de Apoio a Ex-Combatentes Vítimas do Stress de Guerra), “ (…) é o desenvolvimento de sintomas particulares que surgem em situações psicologicamente perturbadoras, exteriores à experiência humana dita “normal”, neste caso em contexto de guerra.”

Situações como a visualização de colegas feridos e/ou mortos, a exposição ao combate, o extermínio de aldeias completas e de toda a sua população, as consequências físicas da guerra, o isolamento e as situações de fome e/ou sede estão na origem dos traumas sentidos pelo indivíduo.

Este tipo de traumas têm impactos no comportamento e na relação do indivíduo com a Sociedade. As perturbações psicológicas podem surgir nas mais variadas formas, tais como depressão (com probabilidade de tentativa de suicídio), isolamento, insónias, tremores, agressividade, dificuldades de comunicação (como, por exemplo, a gaguez), entre outras. Dentro destas perturbações, a mais preocupante e melindrosa de tratar, é a de estados dissociativos, onde o indivíduo se encontra num estado de delírio, confundindo o meio onde vive com um quadro de guerra.

Nestas situações, o indivíduo poderá ter atitudes como atirar-se para o chão aos gritos perante um som forte de um escape de um motociclo, fogo-de-artifício ou de um bater de uma porta até, em casos mais graves, a possibilidade de cometer um homicídio involuntário como defesa, num ambiente de guerra imaginado por ele.

Em muitos casos quando se fala de indivíduos com traumas de guerra, não é referida a influência que o seu comportamento tem no seio familiar e de amigos em que estes sofrem em silêncio porque nunca sabem com o que podem contar ou como é que o indivíduo poderá reagir. Perante este cenário surgem ambientes perturbadores e traumatizantes devido à sensação de impotência e frustração que estes ganham no relacionamento com a vítima do stress pós-guerra. Estes sentimentos são acompanhados de uma grande tristeza, por existirem casos em que os indivíduos nunca mais voltam a ser os mesmos depois da sua experiência traumática.

Estas sensações e emoções vividas pelos seus familiares podem evoluir para sintomatologias como a depressão, o Síndrome de Borderline e o Síndrome de abandono (para além de que uma vivência com um sujeito traumatizado é sempre um factor constante de stress).

Enquanto hipnóloga clínica, estou certa que a Hipnose Clínica é uma especialidade complementar à Psicologia e à Psiquiatria, que pode auxiliar grande parte destes indivíduos, ajudando-os a bloquear imagens e sentimentos provocados pela experiência traumática, dando assim, espaço a sensações de segurança e de estabilidade emocional que possam ser reproduzidos nos mais diversos ambientes em que o indivíduo está envolvido. Para isso, é necessário fazer uma análise prévia, personalizada, para que o tratamento seja específico para as sintomatologias apresentadas pelo indivíduo. Em média os resultados obtidos, através de tratamentos feitos com Hipnose Clínica, situa-se em valores superiores a 60%.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

http://sites.apoiar-stressdeguerra.com/