Viver em sintonia com os nossos desejos e com a nossa verdade é algo que todos nós almejamos e que nos permite viver em satisfação e harmonia. No entanto, este exercício vital da liberdade individual nem sempre é fácil, sobretudo quando as nossas escolhas não vão ao encontro daquilo que os outros pretendem.

Quando o amor é libertador, existe o respeito e a aceitação pelas decisões do outro em prol da sua satisfação e realização pessoal, mesmo que essas escolhas não se coadunem com os interesses da própria pessoa. Mas nem sempre isto acontece, prevalecendo ao invés a tentativa egoísta de pressionar e obrigar o outro a abdicar da sua vontade em prol das necessidades e interesses do próprio.

A esta forma de manipulação psicológica através da qual uma pessoa tem por objetivo levar a outra a satisfazer os seus desejos, através da indução de sentimentos de culpa, ameaça ou remorso chamamos chantagem emocional e pode ocorrer em vários contextos relacionais tais como os conjugais, familiares, sociais e profissionais.

As estratégias mais utilizadas para manipular os sentimentos do outro e levá-lo a agir em oposição às próprias convições são as seguintes:

Em qualquer dos tipo de chantagem emocional, a indução da culpa no outro, constitui-se como o núcleo principal e a mensagem latente é a seguinte: "Se não fizeres o que eu quero vais sofrer muito". O registo utilizado é muitas vezes o apelativo e o teatral, que rapidamente se desvanece assim que as necessidades ficam satisfeitas.

A manipulação é frequentemente oriunda de pessoas inseguras, autocentradas e com pouca capacidade para conseguirem a empatia dos outros, que recorrem priviligiadamente a estas estratégias para obterem o que desejam, sem levarem em consideração as necessidades dos outros, assim como o sofrimento que lhes induzem.

As pessoas manipuladas são frequentemente vulneráveis e propensas a desenvolverem sentimentos de culpa, medo e de obrigação bem como a evitar situações de conflito, acabando por ceder, sobretudo quando os laços afetivos são maiores como na relação entre casais ou pais e filhos. No entanto, essa não é a melhor maneira de lidar com a situação, na medida que reforça o comportamento manipulador e a sua repetição.

Romper com o padrão de chantagem emocional não é fácil e pode induzir sofrimento para ambas as partes, mas é essencial para que a pessoa manipulada possa restaurar a sua liberdade individual e para que o sujeito manipulador possa desenvolver novos comportamentos mais saudáveis na relação com os outros.

Importa não ceder ao jogo da culpa, fazer uso da razão e ser firme na recusa.

A assertividade também transmite uma imagem mais segura e menos vulnerável, inibindo a ação da pessoa manipuladora.

Em casos mais graves, em que a pessoa se tornou refém emocional da outra, passando a viver numa situação de exploração emocional e de acordo com os interesses daquela, em desrespeito pelos próprios, poderá ser aconselhável a procura de ajuda psicológica especializada.

Trabalhar a inteligência emocional, promover a auto-estima, aumentar a conscencialização dos direitos e deveres e reforçar os limites pessoais são fatores protetores que capacitam a pessoa para lidar com estas situações de modo mais ajustado.

 

https://www.facebook.com/ClaraMente.Psi

https://www.linkedin.com/in/claramentepsi

http://claramente-psi.blogspot.pt/