Psicologia patológica (comunitária e individual) por via da doença da Justiça.

Efeitos de uma sugadora máquina institucional.

Efeitos danosos e cruéis da sugadora máquina de uma Justiça entrevada.

 

Estar doente por privação do acesso à Justiça é a doença consciente do desamparo. É a a-vinculação, a doença do não-vínculo ou do inacessível-vínculo, vínculo este tão necessário para a evolução de sujeitos e grupos, nos diversos patamares de desenvolvimento ajustado.

Nesta moléstia, os conceitos de Direito e de Igualdade não são enraizados na estrutura da personalidade, culminando num fragmentar do indivíduo face a sua própria ideação do ser comunitário em completude. É a ode ao abandono, à psicopatia e à corrupção (tanto a que se artimanha em pensamento como a que se concretiza em acto).

São significantes que não existem em parceria mas sim em desvantagem e, sublinha-se, não há liberdade sem igualdade, como não há liberdade com barrigas vazias (de alimento e de alimentos que nutrem a alma).

Fica-se alvo das imorais arbitrariedades, das corruptas circunstâncias e dos desesperos das dissonâncias, que na vida podem surgir… e surgem …!       

Indefeso em pensamento e indefeso em sentimento, escancara-se a porta da produtividade deliróide, ou delirante, ou para-delirante, que se embrenha nas brechas da construção da personalidade, tornando o já infeliz, em mais um passageiro passivo e tímido da sua vida. Inerte e castrado de iniciativa de poder decisivo, reivindicativo e de exigência de cumprimento de justos direitos e de direitos justos (passageiros de 3ª classe).

Fica impávido, amorfo, quase sereno e indiferentemente resignado, mas com um patético sorriso banalizado e triunfante no rosto … como requer a bem nutrida maneira das portugalidades … ou similarmente … das portugalites …!

Para além da pujante inoperância geral da Justiça, as eternidades, os malabarismos legais e os outros, bem como outros obstáculos cronicamente vigentes, estão os custos … sim OS CUSTOS …!

Recorrer à Justiça é um CREDO … violador e violentador das certezas de comida para os filhos.

Os advogados são o que representam em si: TENDENCIOSOS, nos seus esquemas e estratégias de auto-motivação. Motivam-se na expectativa de se tornarem fábricas de sugar DINHEIRO e de terem um carro de topo de gama (com piscina e court de ténis!) estacionado à porta do escritório, após os primeiros três meses de clientela suada…! Gostam de ter uma pastinha na mão e andarem pendurados numa gravata (poliéster) ou de saltos altos de plástico, forrados com uma matéria de imitação, sempre muito atarefados e treinadamente pouco disponíveis e representando a sapiente independência psicológica. Sugar DINHEIRO … seja a quem ou ao que for …! Depois, vem o farsante respeito profissional, onde se incute a procura, desesperada, de prestígio e, consequente, esperada fama … como nos filmes …! Intuito primeiro: fazer DINHEIRO … muito DINHEIRO … preferencialmente no caminho do sucesso e do reconhecimento. São os formatados para sobrevalorizarem o aparato laboral em detrimento do seu conteúdo. Gostam de misturar e de fazer confundir o conceito de Justiça com o de Direito. São como a moda – vivem intensamente as tendências, salvo as eventuais excepções, está de se ver …!

 Contudo, de salientar, que esta tarefa, na maior parte das vezes, de difícil concretização, é balizada pelo facto de serem tantos em número (desconheço se existe alguma universidade, por estas terras lusas, que não os forme), que o desemprego os emprega mais …! Há ainda a considerar a sentida e, dita, genuína motivação para o partidarismo político, aliás como já as próprias avós o anteviam e afirmavam (glamorosamente) o jeitinho do pequeno e futuro advogado embrenhado nos determinismos e ansiados galhos de privilégio partidário (eis mais uma máquina de fazer galhistas, ou saltadores de galho em galho) …!

Ultrapassando este pequeno desvio de intenções e retomando a exigência do texto …!

No concernente ao adoecer psicológico, por via da falência institucional da conceptualização da Justiça, salienta-se, em primeiro determinismo, o INACESSÍVEL direito ao JUSTO, por questões de índole monetária. Salvaguardam-se os que trazem a FOME estampada no próprio rosto e no dos filhos (por azar do local de nascimento e vida), para se ter acesso à gratuitidade da Justiça, para além da coragem de enfrentar a vergonha (e a assistente social funcionária da Assistência Social, que os atende … com alguns resquícios de retórica e alívio projectado na miséria do outro …!). Será esta a via?

Abafam-se direitos, agoniam-se justiças, calam-se vozes, agudizam-se sintomas, ironizam-se questões, desviam-se e sublimam-se verdades, gritam dissonâncias (as cognitivas e as afectivas), massacram-se gentes, somatizam-se pulsões, adiam-se intenções, subjugam-se vontades, anseiam-se serenidades, choram-se as desigualdades, lamentam-se existências, criam-se lanhos que não saram, brecham-se construções psíquicas, racham-se materiais de ser … porque o acesso à Justiça não prima, nem existe nas alternativas de catarse, protecção e segurança.

São as ansiedades … as conversivas, as dissociativas, as cognitivas, as neurovegetativas, as motoras, as generalizadas, as angústias …!

São as depressões … as endógenas, as reactivas, as endo-reactivas, as tristezas, as que deixam ranho, que se cristaliza nas almas dos portadores e não asseia …!

São os desesperos ... os que doem muito, os que doem pouco e os que vão corroendo em itinerário vital …!

 São os diagnósticos do rancor, do ódio feito massa, da revolta, da resignação, da subjugação, da sujeição, da eternidade da escuridão iluminando fétidas dores …!

São os podres e os males das mentiras e das conveniências, dos discursos psicopáticos, dos discursos travestidos de intenções (dessas de que o inferno está cheio), dos horrores intentados pela tirania, da raridade dos eleitos e da monumentalidade das corrosivas nomeações …!

São as produções psicóticas …!

São as produções psicopáticas …!

São as produções de doenças de personalidade …!

São as doenças das corporalizações …!

Em produto …

Fazem-se mansidões … populações de mansidões, restantes e migrantes de mansos. Doentes, doentes do direito, doentes magoados, sangrentos e sem purga. Doentes, doentes com a inferioridade e a mágoa tatuadas nas memórias, nas frontes e nas essências …!

Evitam-se dores? Não.

1) O que será a protecção pela Justiça, materializada na própria conceptualização?

Será um sano e rigoroso apriorismo que floresce pelos corpos, pelas sensorialidades até às formalidades das abstracções.

2) O que será a protecção pela Justiça, não materializada na própria conceptualização, ou materializada na paradoxal intenção?

Será uma estrutura organizativa, desviante, mecânica e burocraticamente consumidora de gente … sobretudo de gente desfavorecida, de carne (até ao osso) que alimenta o GORDO sistema.

 

(Escultura de Jens Galschiot. Fonte da imagem: internet)

 

Com o que se tem contado?

Em historiografia, em frequência, em débitos, em crenças … parece que tudo se encaminha para que vingue a segunda questão, das alternativas …!

Pois seja …!

Existe um Orçamento de Estado.

Uma parcela desse orçamento é destinada ao Ministério da Justiça (diz-se).

(Os custos com os advogados/as, os custos judiciais, as odes às ignorâncias, as missas em latim, as narrativas judiciais, os discursos fiscais, os desconhecimentos da população (devido a séculos de regimes castradores), as limitações de discernimento dessa população, a autoridade hierarquizada desde a família, a doença e a perversidade do poder, a burocracia e a morosidade, os desconfortos da exibição da pobreza e da incivilização, os aproveitamentos institucionais destes factores, os partidarismos, órgãos de comunicação sociais, famílias, a inversão de valores, os benfeitores e benfeitoras, os crentes e agarrados às doutrinas e afins … enfim … um poderoso pacote de parasitações e acritismos a obstaculizarem as vias “facilitadoras” de acessibilidades e crescimento …!)

Um outro orçamento para o Ministério da Justiça, são os custos judiciais pagos pelos cidadãos recorrentes, pelo que se pergunta: São dois orçamentos? O do Estado não é, precisamente, para fazer funcionar a máquina? Os custos … ditos judiciais, não deveriam estar inclusos nessa parcela do orçamento de estado?

Acesso fácil, gratuito e imediato à Justiça, é sinónimo de LIBERDADE e IGUALDADE.

O fácil acesso sobrecarrega o sistema?

Crê-se que sim.

Uma alternativa deverá ser a de dificultar o acesso a esse sistema?

Não. Peremptoriamente … NÃO.

Poderá ser a de criação de um sistema de triagem, onde o filtro se apertará, gradualmente, consoante a veracidade e complexidade dos contextos.

Senão, vive-se à mercê dos logros, dos enganos, das mentiras, dos registos patológicos das organizações e dos indivíduos … quase parecido, até, com as acusações de vingança social, decorrentes nas INQUISIÇÕES que têm parasitado (e parasitam, em diferentes roupagens) a HISTÓRIA UNIVERSAL e a actual e futura HISTÓRIA UNIVERSAL.

São jeitos convenientes … os de promoção de sentimentos de intimidação das hierarquias.

São jeitos convenientes … os de promoção de sentimentos de intimidação das institucionalidades.

São jeitos convenientes … os de promoção de sentimentos de intimidação nas relações de autoridade, travestidas de parceirismos.

São jeitos convenientes … os de construção de paranoias, de inseguranças, de inferioridades, de desconfianças, de medo, de poderosas matrizes defensivas que subjugaram as essências da liberdade, são corpos falantes em doença, são corpos retraídos em si, são corpos afogados no medo, são corpos triturados pelos DESAMPAROS NO SEIO DE UMA JUSTIÇA ENTREVADA.

Deitam-se honras ao esclavagismo, aprendendo-se a lidar de bem com a submissão, com o medo e com o prazer de ter dono.

Os cães obedecem ou desobedecem. As pessoas cumprem e cumprem-se em LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE e em JUSTIÇA. Quem assim não cumpre…DESOBEDECE…! Desamparadamente desobedece … no seio de uma Justiça entrevada.